Valor econômico, v. 17, n. 4133, 17/11/2016. Brasil, p. A8
Por: Letícia Casado
A Procuradoria-Geral da República denunciou o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI) e outras quatro pessoas por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava-Jato. Ciro Nogueira teria recebido propina no valor de R$ 2 milhões. Ele foi citado na delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, também denunciado.
Ex-ministro das Cidades, Nogueira teria prometido favorecer a UTC em obras públicas sob a responsabilidade da pasta e também no Piauí, segundo a denúncia.
Ciro Nogueira é apontado pelos investigadores como um dos líderes do Partido Progressista no esquema de corrupção e lavagem de dinheiro montado na diretoria de Abastecimento da Petrobras, chefiada pelo ex-diretor e também delator da Lava-Jato, Paulo Roberto Costa.
De acordo com a denúncia, entre fevereiro e março de 2014, o doleiro Alberto Youssef, pivô da Lava-Jato, teria mandado entregar R$ 1,4 milhão na casa do senador. O dinheiro teria sido recebido por Fernando Mesquita de Carvalho Filho, assessor de Nogueira, também denunciado.
Outra parte da propina, de R$ 475 mil teria sido paga por meio de um escritório de advocacia entre agosto e dezembro de 2014.
"A utilização de dinheiro 'vivo' e a atuação de interpostas pessoas tinham por objetivo não deixar rastros, consistindo em estratégias de ocultação e dissimulação da natureza, origem, movimentação e propriedade de valores provenientes de infração penal, no caso a corrupção passiva", diz a PGR na denúncia. Cabe ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, avaliar se a denúncia deve ou não ser recebida.
A reportagem não conseguiu contato com o senador.