Título: País tem nota melhor
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 18/11/2011, Economia, p. 10

No mesmo dia em que o Banco Central revelou a retração de 0,32% da atividade brasileira no terceiro trimestre do ano, número que praticamente sacramenta o mergulho do Produto Interno Bruto (PIB) no período, a agência de classificação de risco Standard & Poor"s(S&P) — que recentemente havia rebaixado os Estados Unidos, deu um voto de confiança à gestão da presidente Dilma Rousseff: elevou a nota soberana de longo prazo do Brasil em um degrau (de BBB- para BBB).

A melhora, segundo o diretor de rating soberano da S&P, Sebastian Briozzo, reflete o fato de a equipe de Dilma ter demonstrado compromisso com as metas fiscais, abrindo espaço para reduzir a taxa básica de juros e estimular a economia no país. "Esperamos que o governo persiga políticas monetária e fiscal cautelosas que, combinadas com a resiliência do crescimento econômico do país, devem moderar o impacto de potenciais choques externos e sustentar as perspectivas de crescimento de longo prazo", destacou.

Em nota, o Ministério da Fazenda apressou-se em capitalizar a elevação do rating, destacando que a decisão de promover a nota brasileira "em um momento delicado da economia internacional — com a Europa sob total desconfiança — é um reconhecimento de que a política econômica encontra-se na direção correta e de que são sólidos os fundamentos macroeconômicos do País".

Apesar da comemoração do governo, economistas minimizaram o impacto da decisão. "Era esperado. O Brasil deve continuar a ter revisões para cima pelas principais agências. É uma boa notícia, mas não tem uma força tão grande para mudar o patamar dos preços (de ativos brasileiros no exterior), até mesmo porque o país já está acima do grau de investimento", disse Marianna Costa, economista da Corretora Link Investimentos.

Para o economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos, Rubens Sardenberg, a elevação pode auxiliar a proteção da economia contra os efeitos da crise externa. "É uma notícia muito boa, especialmente no meio dessa turbulência mundial. Fortalece a posição do Brasil, mostrando que o país está sólido. Pode nos deixar mais descolados da crise, menos contaminados", ponderou. Além da classificação BBB para os papéis da dívida pública externa, a S&P elevou a avaliação para o endividamento interno, que passou de BBB+ para A-.