Valor econômico, v. 17, n. 4130, 11/11/2016. Brasil, p. A3
Por: Bruno Peres e Cristiane Bonfanti
O presidente Michel Temer aproveitou ontem reunião de instalação do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, no Palácio do Planalto, para fazer abrangente discurso em defesa das principais ações do governo. Temer voltou a afirmar que não se incomoda com o risco de ficar "muito impopular" em função do "grande ajustamento fiscal".
"Se eu ficar impopular, mas, daqui a dois anos o Brasil, as pessoas perceberem que o Brasil entrou nos trilhos, eu me dou por absolutamente satisfeito", afirmou o presidente, voltando-se aos integrantes do conselho - órgão consultivo de assessoramento formado também por representantes dos setores de ensino, pesquisa, ciência e tecnologia.
Segundo disse Temer, a decisão de relançar o grupo expressa "inequívoco compromisso" com visão estratégica de priorizar retomada do crescimento econômico e da geração de emprego.
Ao defender um país "tecnologicamente avançado" e, portanto, "extremamente respeitado", Temer disse propor avanço na chamada cultura do conhecimento, embora tenha admitido que ainda há muito a fazer nessa área. Temer defendeu ainda o ganho em inovação empresarial, fundamental para a cultura do conhecimento, e a presença governamental no desenvolvimento do setor de tecnologia.
Na ocasião, o governo federal o anunciou um aporte de R$ 654,3 milhões para 101 projetos selecionados por programas de iniciação científica, além de R$ 68 milhões para chamada de bolsas no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com estimativa de beneficiar cerca de 3,3 mil pesquisadores.
Durante a reunião, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou que o governo assegurará para a área R$ 1,5 bilhão, com a finalidade de quitar os chamados restos a pagar do orçamento previsto para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
"Isso é muito positivo e esperamos que possam vir mais recursos ao longo das próximas semanas ou dos próximos meses, que nos permitam avançar mais ainda", disse o ministro da área, Gilberto Kassab, escalado como porta-voz do governo ao término do encontro.
Também foi anunciado um acordo de cooperação governamental para otimizar a sistematização e análise de dados e indicadores do Ministério da Saúde, com a finalidade de adequar o planejamento e a execução de ações prioritárias.
"A expectativa de economia é muito grande, com otimização dos recursos da saúde, para fazer, a partir desta informação disponível, o planejamento, a gestão, a continuidade da austeridade com que temos administrado o ministério", disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros.