Temer: 'Não haverá mais distinção entre Previdência geral e a pública'

Eduardo Bresciani, Catarina Alencastro e Eduardo Barreto

12/10/2016

 

 

Presidente diz que, sem reforma, em dez anos faltará dinheiro para aposentadoria

 

Em entrevista à rádio CBN, o presidente Michel Temer afirmou que não haverá mais distinção entre a Previdência geral e a do setor público. Ele defendeu a reforma no sistema previdenciário e alertou que, se nada for feito, dentro de dez anos faltará dinheiro para pagar aposentados e pensionistas.

— Vamos fazer uma coisa equânime. Não haverá mais distinção entre Previdência geral e a pública. Temos que igualar isso. É um ponto que está definido — afirmou. — Todos os dados que chegam à minha mesa são que, se não fizermos alguma coisa nessa direção, daqui a dez anos o cidadão vai bater nas portas do poder público e não haverá dinheiro para pagá-lo.

 

À ESPERA DOS GOVERNADORES

Temer evitou avançar em detalhes da reforma, como o que acontecerá com o regime previdenciário de políticos e militares. Disse ter recebido apenas um esboço do projeto e que somente após a viagem que fará à Índia e ao Japão analisará o texto final e chamará para reuniões as centrais sindicais, os setores empresariais e as lideranças no Congresso. Perguntado se debater o tema com as centrais não seria “perda de tempo”, Temer destacou que é importante realizar este diálogo, mesmo que não obtenha apoio.

— Eu dialogo muito e vou dialogar com as centrais. Elas podem ficar contra, mas uma coisa é ficar contra raivosamente, decepcionadamente, outra é ficar contra sem muito entusiasmo. Concordo que vai ter resistência, mas faz parte da vida e vamos enfrentar — afirmou o presidente.

Ele destacou que aguarda um posicionamento dos governadores sobre um pedido para aumentar a contribuição previdenciária de 11% para 14%. Disse que espera para verificar se o desejo une os 27 governadores e ressaltou que, nesse caso, a mudança pode ser feita por lei, sem necessidade de mexer na Constituição, como os demais pontos da reforma. O presidente confirmou a informação publicada ontem pelo GLOBO, de que, com a reforma previdenciária, os parlamentares perderão direito à aposentadoria especial.

No fim da tarde, por meio de seu porta-voz, Alexandre Parola, Temer enfatizou que a reforma da Previdência busca “equidade e justiça”:

— Todos devem ser tratados de forma igual e sem privilégios — declarou o portavoz. — Ao regressar de sua viagem à Ásia, o presidente pretende discutir o mais amplamente possível a reforma da Previdência, com diálogos com trabalhadores e empregadores, membros da sociedade civil em geral, assim como líderes da Câmara e Senado, para ouvi-los a respeito de tema que todos sabemos ser essencial ao país.

 

 

O globo, n. 30396 , 12/10/2016. Economia, p. 20.