ESTAÇÃO FINAL

 

30/10/2016

 

Na última parada da eleição municipal no Rio, a única certeza é que o resultado de hoje apresentará à cidade uma nova linha de comando para os próximos quatro anos. E serão longos anos para o novo prefeito. O vencedor da disputa terá de administrar uma cidade que, apesar de inegáveis avanços recentes, ainda possui grandes problemas e terá menos recursos do que a atual gestão.

Para os dois Marcelos, Crivella (PRB) e Freixo (PSOL), participar do segundo turno já era uma novidade. E se a vitória parecia se encaminhar para Crivella, que sustentou ampla vantagem nas últimas semanas, as pesquisas divulgadas ontem fizeram ressurgir o grau de incerteza de um pleito que já começou diferente, com o veto ao financiamento de empresas e o uso maciço das redes sociais.

Crivella, que disputa a prefeitura do Rio pela quarta vez, viu a distância para Freixo cair mais de um terço em votos válidos nos últimos dois dias, segundo Ibope e Datafolha. O candidato do PSOL foi derrotado pelo atual prefeito Eduardo Paes (PMDB) na única vez que disputou, em 2012. Agora, aposta em uma virada nos metros finais. Para ambos, tão decisivo quanto seu próprio eleitorado pode ser o movimento de eleitores que, até ontem, não haviam sido convencidos por nenhum deles. A tendência apontada pelas últimas pesquisas é que a eleição carioca deste ano tenha recorde de votos em branco e nulos. Também deve haver grande abstenção, impulsionada pelo feriado de sexta-feira.

Em todo o Brasil, as disputas de segundo turno acontecem em 57 cidades, sendo 18 capitais. Na briga pelo eleitorado nacional, prévia das disputas de 2018, o PSDB tenta alcançar um domínio inédito. Os tucanos, que já garantiram influência sobre 26 milhões de eleitores no primeiro turno, ainda disputam cidades com outros 11 milhões. Já o PT, que governava o maior eleitorado nos municípios brasileiros em 2012, procura amenizar a queda deste ano, quando passou a figurar apenas em 10º no ranking. Os petistas ainda disputam influência sobre cerca de três milhões de eleitores, conta que inclui uma capital, Recife. Já o PSDB está na briga em oito capitais.

No Rio, com seus 4,8 milhões de eleitores, uma vitória representa a chance, para PRB e PSOL, de ingressar no clube de partidos que governam grandes eleitorados. O tamanho do prêmio em jogo produziu uma batalha acirrada. Com menos dinheiro, a disputa transbordou para as redes sociais, onde Freixo e Crivella somaram mais de três milhões de interações na reta final. Resta saber quantos dos que embarcaram na campanha virtual seguirão com cada candidato até a estação final: a urna eletrônica.

 

O globo, n. 30400, 30/10/2016. País, p. 3