Garotinho tem alta e vai para prisão domiciliar

Clarissa Thomé e Roberta Pennafort

23/11/2016

 

 

Ex-governador do Rio passa a cumprir novo regime de detenção, sem tornozeleira eletrônica.

Preso na quarta-feira passada por determinação da Justiça Eleitoral de Campos dos Goytacazes, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) passou a cumprir prisão domiciliar na manhã de ontem, após receber alta do Hospital Quinta D’Or. Garotinho foi submetido à cirurgia no domingo para a colocação de um stent.

O ex-governador, suspeito de chefiar um esquema de compra de votos, associação criminosa e coação, está impedido de deixar o edifício onde mora, no bairro do Flamengo, na zona sul da capital fluminense, mas foi dispensado de utilizar tornozeleira eletrônica.

Garotinho está sob vigilância de um agente da Polícia Federal, que passa pelo local três vezes ao dia. A liminar que autorizou o ex-governador a cumprir prisão domiciliar, emitida pela ministra Luciana Lóssio, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não especifica prazo. O mérito ainda será decidido pelo plenário da corte. Por enquanto, ele só pode receber a visita de parentes e médicos.

O ex-governador chegou ao prédio onde mora em um carro descaracterizado da PF, sob escolta de uma viatura. Mulher de Garotinho, a prefeita de Campos, Rosinha Matheus, seguiu em carro próprio. No momento da chegada, uma mulher que passava em frente ao prédio fez um protesto solitário chamando Garotinho de “desgraçado” e “ladrão”.

Garotinho é alvo da Operação Chequinho. Segundo a PF e o Ministério Público Eleitoral, sob comando do ex-governador foi feita em Campos farta distribuição dos chamados “cheques cidadão”. Trata-se de um benefício que prevê pagamentos de R$ 200 por mês a famílias carentes.

‘Notícia-crime’. O ex-governador entrou com notícia-crime no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio contra o juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da 100.ª Zona Eleitoral, em Campos, que determinou sua prisão preventiva. O exgovernador acusa o juiz de cometer o crime de denunciação caluniosa e pede a abertura de inquérito policial para investigar o magistrado.

O ex-governador nega ter liderado esquema para compra de votos em Campos, o que motivou sua prisão, a qual considera “absolutamente ilegal e abusiva”. A notíciacrime é assinada por Garotinho e seu filho Wladimir Matheus.

Eles afirmam que o juiz incorreu em abuso de autoridade e classificam a condução como “desumana e violenta”.

Escolta. Garotinho deixa o hospital, levado por policiais

 

O Estado de São Paulo, n. 44962, 23/11/2016. Política, p.A7