O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho foi submetido a uma angioplastia para colocação de stent na manhã de ontem, no Hospital Quinta D’Or, na zona norte do Rio. O cateterismo realizado pela equipe médica identificou uma obstrução da artéria coronária direita. O boletim médico divulgado pelo hospital informa que o estado de saúde do ex-governador é estável.
Garotinho foi preso pela Polícia Federal na quarta-feira, na Operação Chequinho, que investiga o uso do programa Cheque Cidadão, do município de Campos dos Goytacazes, para obter apoio eleitoral. Ele é secretário municipal de governo na gestão de sua mulher, Rosinha Garotinho, que também já foi governadora do Estado e atualmente é a prefeita de Campos, no Norte Fluminense.
O ex-governador ainda pode ser investigado por tentativa de suborno. A Polícia Federal deve apurar a denúncia de que Garotinho e seu filho Wladimir Matheus ofereceram propinas de R$ 1,5 milhão e R$ 5 milhões para influenciar decisões do juiz eleitoral Glaucenir Silva de Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral de Campos dos Goytacazes, que decretou a prisão preventiva do ex-governador na Operação Chequinho.
O pedido de instauração de inquérito urgente partiu do procurador regional eleitoral Sidney Madruga. A defesa de Garotinho disse que vai processar o juiz por denúncia caluniosa.
Após a prisão, na semana passada, Garotinho passou mal e foi transferido para um hospital municipal do Rio. Ele recebeu atendimento médico e indicação para realização de mais exames.
Por decisão do juiz Glaucenir Oliveira, foi levado para a unidade de pronto atendimento do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste da capital, numa transferência traumática.
Garotinho relutou e foi contido pelos agentes.
Mudança. Depois de uma disputa judicial, a ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luciana Lóssio concedeu autorização para que Garotinho fosse transferido a um hospital particular e submetido a novos exames. No início da madrugada de sábado, o ex-governador deixou novamente a prisão em direção a um hospital privado, onde teria permissão para receber a visita de parentes e advogados.
Quando obtiver alta médica, a decisão da ministra do TSE prevê que ele siga para prisão domiciliar.
“O médico disse que ele poderia ter tido um infarto”, contou a deputada federal Clarissa Garotinho (PR-RJ), filha do casal. Clarissa disse que a família já esteve em visita ao pai após o procedimento cardíaco.
Ela não quis comentar novas denúncias envolvendo o nome de Garotinho. “Estamos preocupados e focados mesmo na saúde do meu pai”, afirmou a deputada. A mãe, Rosinha, manifestou-se neste domingo em seu perfil nas redes sociais sobre a intervenção cardíaca sofrida pelo marido. Segundo ela, Garotinho realmente necessitava de tratamento coronariano urgente.
O Estado de São Paulo, n. 44960, 21/11/2016. Política, p. A8