O Estado de São Paulo, n. 44951, 12/11/2016. Política, p. A8

PMDB trabalha por recondução de Maia

Nomes influentes da bancada na Câmara afirmam que candidatura de deputado do DEM tem ganhado ‘musculatura’ e tentam evitar dissidência

Por: Igor Gadelha

 

Os principais nomes do PMDB na Câmara estão trabalhando pela reeleição do deputado Rodrigo Maia (DEMRJ) para a presidência da Casa em fevereiro de 2017, data da próxima disputa pelos cargos da Mesa Diretora. O apoio do partido é considerado estratégico para qualquer candidato: além de ser a legenda do presidente Michel Temer, a sigla tem a maior bancada da Câmara, com 67 parlamentares.

Na articulação para tentar viabilizar sua reeleição, Maia conta com o apoio de peemedebistas com influência na bancada, como o líder do PMDB na Casa, Baleia Rossi (SP), um dos parlamentares mais próximos de Temer, o ministro dos Esportes e deputado licenciado, Leonardo Picciani (RJ), ex-líder da bancada, e o deputado Lúcio Vieira Lima (BA), irmão do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB).

A avaliação dos peemedebistas que defendem a reeleição de Maia é de que a candidatura dele vem ganhando “musculatura”, principalmente após o PSDB admitir apoiar a recondução do deputado fluminense, como adiantou o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, na semana passada. Com este apoio, Maia sai em vantagem em relação a uma eventual candidatura do Centrão – grupo de 13 partidos liderado por PP, PSD e PTB e que ainda não decidiu quem será o candidato do bloco.

“Lógico que tem uma aproximação natural com o Rodrigo. Isso é um facilitador. Pela função que ocupa, ele tem mais contato. Ele é presidente da Casa”, afirmou Lúcio Vieira Lima. Recentemente, o peemedebista baiano foi escolhido por Maia para presidir a comissão especial na Câmara que debaterá pontos da reforma política, como mudanças no sistema eleitoral e no financiamento de campanha.

Eduardo Cunha. O apoio à reeleição de Maia já é considerado até mesmo por peemedebistas ligados ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi o principal líder do Centrão quando presidiu a Câmara.

“Ele tem sido um bom presidente. O governo não tem questionamentos da sua atuação. E com o apoio do PSDB, a candidatura dele se torna, de pronto, viável”, afirmou Carlos Marun (MS), vice-líder do PMDB e um dos principais aliados de Cunha na Casa.

Recentemente, o apoio a Maia ganhou mais força no PMDB após o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defender publicamente que há brecha jurídica para que o parlamentar do DEM dispute a reeleição. O argumento é de que a recondução só é vedada para presidentes que foram eleitos para mandatos completos, de dois anos, o que não é o caso de Maia. O deputado foi eleito em julho para um mandato-tampão de sete meses, após Cunha renunciar ao comando da Casa.

Os peemedebistas defensores da candidatura de Maia estão trabalhando para desmobilizar dois movimentos considerados minoritários na bancada do PMDB: um que defende candidatura própria e outro que defende apoio do partido à candidatura do líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), um dos nomes do Centrão cotados para a disputa. Esses movimentos são defendidos por parlamentares descontentes com o governo ou com o próprio Maia por não terem sido atendidos com cargos ou outras promessas.

Outros candidatos. Embora pessoalmente trabalhe pela aliança com Maia, o líder do PMDB mantém interlocução com os outros potenciais candidatos da base aliada à presidência da Câmara, para caso a candidatura do atual presidente da Casa não se viabilize.

Na última semana, por exemplo, Rossi discutiu sucessão tanto com Maia, quanto com lideranças do Centrão e até com o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), que ainda tenta viabilizar sua candidatura dentro da bancada tucana.

Nas negociações, o PMDB tem pedido a 1.ª vice-presidência da Câmara, cargo que terá papel importante até a próxima eleição presidencial, em 2018. Como o País está sem vice-presidente da República desde o impeachment de Dilma, quando Temer viajar para o exterior, o presidente da Casa assumirá o comando do País e o comando da Câmara passa ao 1.º vice-presidente. O deputado José Priante (PMDB-PA) é um dos peemedebistas interessados na indicação para 1.ª vice-presidência.

“Só vamos decidir mesmo na última hora”, afirmou Rossi. Ao adiar o anúncio oficial de que lado o PMDB estará na disputa, o líder do partido tenta evita criar rachas na base aliada, o que pode prejudicar o governo em votações consideradas importantes na Câmara.

 

‘Aproximação’

“Lógico que tem uma aproximação natural com o Rodrigo (Maia). Isso é um facilitador. Pela função que ocupa, ele tem mais contato.”

Lúcio Vieira Lima (BA)

DEPUTADO DO PMDB

 

“Ele tem sido um bom presidente. E com o apoio do PSDB, a candidatura dele se torna, de pronto, viável.”

Carlos Marun (MS)

DEPUTADO DO PMDB

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Aécio articula no Senado votação de PEC sobre fim da reeleição

Caso aprovada, proposta pode impedir que Michel Temer entre na disputa de 2018 e fortaleceria candidatura do PSDB

Por: Isabela Bonfim


 

Ao dar como certa a aprovação da primeira etapa da reforma política no Senado, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), articula agora levar adiante a proposta que prevê o fim da reeleição para os cargos de presidente, governador e prefeito. Apesar de o presidente Michel Temer afirmar publicamente que não pretende se reeleger, a proposta atingiria o peemedebista diretamente e fortalece a candidatura de um nome do PSDB para 2018.

O fim da reeleição é uma bandeira antiga dos tucanos, mas Aécio preferiu priorizar dois aspectos da reforma política em uma primeira PEC: o fim das coligações proporcionais, instrumento que “puxa” deputados pelos votos da coligação, e a criação de uma cláusula de barreira, que tem o objetivo de reduzir o número de partidos políticos.

Com a primeira PEC aprovada com amplo apoio em primeiro turno, Aécio começou a negociar a segunda etapa da reforma política. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou anteontem que os líderes das bancadas vão discutir na quarta-feira os novos pontos para serem votados até o fim de dezembro. Entre eles, o fim da reeleição. “Existe um sentimento amplo entre os parlamentares de que a reeleição não deu certo no Brasil”, afirmou Ricardo Ferraço (PSDB-ES), coautor das propostas de reforma política. Segundo o senador, os tucanos têm pressa e o objetivo é aprovar o projeto ainda neste ano.

Relator de uma PEC que já foi aprovada na Câmara e agora está em pauta no plenário do Senado, o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) sugere até que o fim da reeleição seja votada separadamente. “Se o senador Aécio preferir, podemos fazer um destaque para votar apenas o fim da reeleição e fazer emendas para ajustar o tempo de mandato”, disse.

Existem diferentes proposições com o mesmo objetivo em tramitação no Senado, mas, segundo o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), a tendência é apoiar a PEC de autoria de Aécio. Além do fim da reeleição, o projeto aumenta para cinco anos o mandato para cargos majoritários. No caso dos senadores, que têm mandato de oito anos, uma das discussões que será travada é se a duração será reduzida para cinco anos ou até mesmo aumentada para 10 anos. A PEC também unifica os processos eleitorais, determinando que eleições gerais a partir de 2022.

Temer. Já o fim da reeleição relatado por Valadares entraria em vigor tão logo a PEC fosse promulgada pelo Congresso, podendo valer já nas eleições de 2018. Questionado se a medida poderia atingir Temer, Eunício disse que essa não é uma das preocupações dele. “O Michel quer cumprir a sua tarefa, reorganizar o País”, afirma.

Assim como Eunício, demais parlamentares evitam dizer que o projeto é uma investida do PSDB contra Temer. Mas, nos bastidores, muitos admitem que a proposta beneficiaria a candidatura tucana para a Presidência em 2018. Sem Temer, o PMDB precisaria buscar outros nomes para a disputa, enquanto o PSDB já tem opções fortes como Geraldo Alckmin, José Serra e o próprio Aécio.

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Governador do Paraná defende prévias no PSDB

Próximo a Alckmin, Beto Richa diz que sigla está fortalecida e que vai apoiar nome que legenda escolher para 2018
 

O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), defende a realização de prévias para a escolha do candidato tucano à Presidência da República nas eleições de 2018. No segundo mandato como governador no Estado, Richa tenta projetar seu nome no cenário nacional da legenda e afirma que o partido está “muito fortalecido” para as eleições de 2018, após o resultado dos pleitos municipais.

O PSDB foi o que mais cresceu entre as grandes legendas nas disputas pelas prefeituras, com destaque para a eleição de João Doria em São Paulo, capitaneada pelo governador Geraldo Alckmin, um dos pré-candidatos ao Planalto e de quem Richa é próximo. O paranaense disse que o PSDB foi o partido que mais fez um contraponto ao PT, “que está em baixa, foi sepultado nessas eleições”.

“O PSDB hoje está muito fortalecido para as eleições de 2018, eu vou apoiar aquele candidato que o meu partido escolher, defendo as prévias”, disse Richa, em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. O governador esteve em São Paulo, onde visitou o Salão do Automóvel e participou de outros eventos automobilísticos.

Para ele, as prévias são a forma de os militantes e filiados ao partido participarem de maneira democrática e transparente da escolha de um nome para disputar a sucessão do presidente Michel Temer, com quem Richa afirmou ter uma relação “muito boa”. “Espero que não haja rachas dentro do partido, o PSDB tem boas condições, tem três ou quatro nomes da maior qualificação para representar o partido e os interesses da sociedade”, disse o governador.

Richa é cotado para disputar o Senado em 2018, após dois mandatos como prefeito de Curitiba e dois como governador do Paraná. Ele afirmou que ainda não tomou a decisão e que a escolha dependerá de seu desempenho nos dois últimos anos da gestão. “Terminando bem o mandato, aí sim acabo tendo outras possibilidades, mas no momento eu não estou pensando nisso.” / DANIEL WETERMAN