Petrobrás estima em pelo menos R$ 7 bi desvios em contratos com a Odebrecht

 
14/11/2016
Alexa Salomão

 

A Petrobrás, a partir de auditorias internas, tem uma estimativa preliminar de que o grupo Odebrecht participou do desvio de pelo menos R$ 7 bilhões da estatal. Os valores levam em consideração não apenas obras de engenharia.

Incluem todo um passivo que teria sido criado com superfaturamentos aplicados em contratos de construção de unidades operacionais, de fornecimento de equipamentos, como sondas, e de prestações de serviços, como exploração de petróleo, e que ajudaram a cobrir o pagamento de propinas no esquema de corrupção que envolveu executivos da Petrobrás e políticos.

Segundo relatou ao Estado uma fonte com trânsito na Petrobrás, o valor não foi divulgado oficialmente e nem informado à própria Odebrecht porque a estatal aguarda o resultado das mais de 70 delações de executivos do grupo Odebrecht.

Acredita-se que novos detalhes poderão elevar essa estimativa inicial e deixar a indenização que a Petrobrás vai pleitear ainda mais elevada.

A lista de negócios do grupo Odebrecht com a Petrobrás é extensa. Os mais lembrados são as obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Comperj, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. Mas os laços entre o grupo empresarial e a estatal são muitos e diversos.

Odebrecht e Petrobrás são sócias na Braskem. A Odebrecht Óleo e Gás conquistou contratos para perfuração de petróleo.

O grupo também participou da reorganização da indústria naval e tornou-se sócio do estaleiro Enseada do Paraguaçu, na Bahia que forneceria sondas.

A companhia ganhou até licitação para prestar serviços na área de segurança e meio ambiente em dez países onde a Petrobrás tem atividades. Em muitos negócios, o superfaturamento já foi alvo até de questionamentos do Tribunal de Contas da União.

 

Estados Unidos. Segundo o executivo ligado à Petrobrás, além disso, a conta que o grupo Odebrecht terá de pagar por atos ilícitos em diferentes países pode ser mais elevada do que se pressupunha. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos avalia cobrar entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões em multas nos processos em que investiga crimes de corrupção do grupo Odebrecht em diversos países, como Venezuela, Panamá, El Salvador e Equador e que tiveram alguma conexão americana.

Na semana que passou, reportagem publicada pelo Estado mostrou que a Odebrecht negocia com investigadores dos Estados Unidos e da Suíça o maior acordo de leniência da história.

O valor inicial em discussão seria da ordem de R$ 6 bilhões.

Essa cifra já bateria um novo recorde na história desse tipo de punição, superando a multa mais alta paga até agora, de US$ 1,6 bilhão, aplicada sobre o grupo alemão Siemens.

Odebrecht e a Braskem têm negócios nos Estados Unidos e estão sujeitas à lei americana de anticorrupção no exterior, a FCPA (Foreign Corrupt Practices Act), que proíbe o pagamento de propina a agentes públicos.

A eleição nos Estados Unidos também teria repercussão sobre o processo do grupo brasileiro.

Com a vitória de Donald Trump, as equipes de trabalho de vários órgãos serão alteradas, o que inclui áreas responsáveis pelas investigações e pelo acompanhamento dos processos criminais do grupo Odebrecht.

Por causa dessa mudança, não se tem clareza sobre os rumos das investigações nos Estados Unidos, nem como será o relacionamento da nova equipe com a força tarefa da Lava Jato no Brasil. A equipe hoje responsável pelo caso prefere acelerar o processo e cobrar as multas o quanto antes.

Procurada pela reportagem por meio de suas assessorias de imprensa, a Odebrecht declarou que não se manifestaria. A Petrobrás não respondeu até o fechamento desta edição.

 

3 bi

de dólares é quanto a Odebrecht pode ter de pagar nos EUA em processo que investiga corrupção no exterior

 

TCU

Após avaliar 400 mil notas fiscais e provas da Lava Jato, o TCU concluiu que só na obra de Abreu e Lima, orçada em R$ 5,5 bilhões, a conta da Petrobrás tinha um sobrepreço de 25%.

 

PARA LEMBRAR

Maior delação da Lava Jato

A Odebrecht negocia com o Ministério Público Federal a maior delação premiada da Lava Jato, que deve envolver cerca de 70 executivos. As denúncias capitaneadas por Marcelo Odebrecht deverão revelar a atuação de empresas, políticos, partidos e agentes públicos em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro em negócios com o governo federal e que são ainda desconhecidos pela Justiça. Serão relatadas irregularidades em obras de aeroportos, rodovias, metrôs, usinas de energia, estádios da Copa, contratos nos setores petroquímico, saneamento e defesa, negócios com fundos de pensão e operações com o BNDES, prometendo dar nova dimensão ao escândalo Petrobrás. Até agora a Lava Jato já identificou R$ 6,4 bilhões em esquemas de corrupção na Petrobrás.

 

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Produção de petróleo teve queda de 2% no mês de outubro

 
14/11/2016
Renato Carvalho

 

A Petrobrás registrou no mês de outubro uma produção total de petróleo e gás natural de 2,81 milhões de barris de óleo equivalente por dia – o que inclui tanto a produção de petróleo quanto de gás natural. Desse total, 2,68 milhões de barris foram produzidos no Brasil e 130 mil no exterior.

Especificamente no Brasil, a produção média de petróleo em outubro ficou em 2,19 milhões de barris por dia (bpd), queda de 2% em relação a setembro, quando a estatal registrou recorde de produção. Em comunicado ao mercado na sexta-feira, a Petrobrás informou que o resultado foi impactado pelas paradas para manutenção nas plataformas Cidade Anchieta e Capixaba, no Parque das Baleias, e no terminal Cidade Angra dos Reis, no Campo de Lula. De acordo com a estatal, o resultado obtido de janeiro a outubro indicam que o número está na direção da meta para 2016, de 2,145 milhões de barris por dia.

A produção total na camada pré-sal foi de 1,42 milhão de barris por dia no mês passado, recuo de 2,7% em relação a setembro.

Já o volume operado apenas pela Petrobrás foi de 1,14 milhão de barris/dia. Foi registrado um recorde de produção no dia 11 de outubro, com um volume de 1,23 milhão de barris de petróleo, contando os campos operados pela Petrobrás e por parceiros.

A produção de gás natural no Brasil, excluído o volume liquefeito, foi de 77,5 milhões de m³ por dia, 4,5% menor que em setembro, também por conta das paradas nas plataformas. No exterior, a produção de gás natural somou 9,7 milhões de m³/dia, aumento de 2,2% em relação ao mês anterior. De acordo com a Petrobrás, o resultado é fruto do retorno de produção do campo de Hadrian South, no Estados Unidos, após parada em setembro. / RENATO CARVALHO

 

Barris

2,81 milhões de barris de óleo equivalente por dia foram produzidos pela Petrobrás no mês passado

 

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Acordo salarial voltará a ser discutido

 

14/11/2016
Fernanda Nunes

 

A Petrobrás convocou os representantes sindicais dos seus empregados para uma nova reunião de negociação do acordo coletivo de 2016. O encontro foi marcado para a próxima quinta- feira, às 15 horas, conforme documento enviado pela empresa à Federação Única dos Petroleiros na sexta-feira.

Em comunicado, a federação informou ter confirmado presença na reunião e que reiterou à companhia esperar “que seja apresentada nova proposta que atenda às reivindicações”. Segundo a entidade, já foi definido internamente que não será negociada nenhuma proposta da Petrobrás que fuja do tema central: o reajuste salarial. A Petrobrás propõe hoje redução da jornada e também dos salários, proporcionalmente.

 

O Estado de São Paulo, n. 44953, 14/11/2016. Economia, p. B1