Título: Depois de rifar Lupi, PDT anuncia apoio
Autor: Decat, Erich; Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 23/11/2011, Política, p. 3

Partido recua da pressão para a saída de ministro e tenta unificar discurso com o intuito de não irritar o Planalto. Dissidentes evitam assinatura de nota em desagravo

A falta de uma sinalização por parte da presidente Dilma Rousseff de que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, estaria com os dias contatos no comando da pasta fez o PDT baixar o tom. O clima da última semana, em que o próprio presidente interino do partido, o deputado André Figueiredo (CE), aconselhou Lupi a sair, agora é de "união". O próprio Lupi voltou a minimizar as chances de sair do ministério por conta de pressões dos pedetistas. "Não há nenhuma possibilidade disso (sair do ministério)", disse. Figueiredo reforçou o coro: "Não cabe ao PDT dizer se fica ou não no governo, se fica ou não com o ministro. Quem cabe dizer é a presidente Dilma, afinal é cargo de confiança dela", ressaltou Figueiredo.

O novo discurso foi ensaiado ontem em reunião com integrantes da Executiva e diretório regionais, que contou com a presença do ministro. Antes do encontro, a expectativa era de que o partido soltasse uma moção oficial de apoio a Lupi. A falta do documento demonstrou, entretanto, que apesar da tentativa de se virar a página, a ala dissidente integrada pelos deputados Brizola Neto (RJ) e Reguffe (DF), e pelos senadores Pedro Taques (MT) e Cristovam Buarque (DF), ainda se sente incomodada.

"Falou-se em nota. Mas para se fazer uma o apoio tem de ser realmente unânime. Ou então pelo menos que só assinem aquelas com posição alinhada à nota, para que depois não saiam pessoas dizendo algo divergente", defendeu Brizola. O parlamentar, entretanto, afirmou que, com relação às denúncias contra Lupi, o partido tem o sentimento de que elas não se sustentam. Apesar da palavra de ordem unida após o encontro, a falta de apoio por parte de setores do PDT pôde ser notada ao longo do dia de ontem.

Racha O deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, sugeriu a Pedro Taques e Cristovam Buarque, além do deputado Reguffe, que deixem a legenda. "Eles é que devem pedir para sair do partido e o partido liberar. O partido é de companheiros e eles não estão sendo companheiros. Quando você está se sentindo mal no partido, pede para sair, vai para outro", criticou Paulinho. Reguffe afirmou que mantém a posição de que o ministro deve se afastar. "Respeito a posição dele, do mesmo que exijo que ele respeite a nossa", disse.

O apoio de Paulinho da Força chegou ao ponto de ele tentar capitalizar uma marcha de produtores rurais programada para ontem e transformá-la em ato de desagravo ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi. A Força Sindical divulgou, por e-mail e pela página virtual, comunicado assinado pelo deputado que anunciava a passeata em direção ao Palácio do Planalto, onde haveria uma audiência com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. No caminho, os manifestantes deveriam parar em frente ao ministério em apoio a Lupi. Às 11h, horário programado para o ato, pouco mais de 200 pessoas ainda se encontravam no Parque da Cidade — onde seria a concentração — e a passeata foi suspensa.

Mesmo informado de que o e-mail estava assinado por ele, Paulinho voltou atrás e negou que a manifestação tivesse a intenção de apoiar Carlos Lupi. "Se alguém escreveu isso, deve ter se enganado. Isso foi feito pela assessoria em São Paulo", argumentou o deputado, que estava em Brasília.