Final amargo para a licitação de doces no AeroTemer

Presidente cancela compra de alimentos, alguns com preço acima do mercado, destinados a avião presidencial. Entre os itens previstos, 500 potes de sorvete Haagen Dazs

 

CATARINA ALENCASTRO

O presidente Michel Temer cancelou a licitação para compra de alimentos destinados ao avião presidencial, no valor de R$ 1,75 milhão, após a revelação de seu conteúdo pelo blog de Lauro Jardim. Entre os itens previstos, estavam 500 potes do sorvete americano Haagen Dazs. A licitação previa ainda a compra de 120 potes do creme de avelã Nutella; 200 pacotes de açúcar de coco; 1.200 latas de água tônica; 100 pacotes de sal do Himalaia; 50 potes de iogurte grego natural, geleias, pães, sucos e salgados.

Os preços máximos dos produtos sugeridos na licitação, e que os concorrentes poderiam cobrar, eram superiores aos de mercado. Um litro e meio de Coca-Cola, por exemplo, custa nos supermercados em torno de R$ 5,70. Na licitação, poderia chegar a R$ 9,45. Um pote de creme de avelã Nutella, de 350 gramas, é encontrado nos supermercados por R$ 20,87, mas na lista do governo poderia atingir R$ 34. Só em torta de chocolate, seria uma tonelada e meia, ao custo de R$ 96 mil.

A comida serviria para alimentar Temer e os integrantes das comitivas que o acompanham em viagens dentro e fora do Brasil. A licitação anulada especifica os valores de refeições a serem preparadas para o presidente e convidados. Na rubrica de jantar e almoço especial, a refeição custaria R$ 167,51 e o café da manhã, R$ 96,43 cada. Nele, seriam ofertadas frutas da estação, presunto parma, queijo brie, queijo minas, brioche e geleia. Como pratos quentes, omelete, quiche e sanduíche Beirute.

Com o sorvete Haagen Dazs seriam gastos R$ 7.545. Constava ainda 50 Cornetos, 50 picolés Tablito, 50 Chicabons, 50 Eskibons, 50 Frutillys, e 300 picolés sem lactose; e R$ 1.650 em trufas de chocolate.

Temer cancelou a licitação ao voltar a Brasília de uma viagem a Maceió e após a repercussão negativa dos tipos de quitutes listados. Em nota, ele admitiu que determinou a anulação após tomar conhecimento das notícias veiculadas pela imprensa. E que mandou reduzir custos desse serviço, o que, disse, valerá para todas as aeronaves que servem ao governo.

"O presidente Michel Temer, ao embarcar de volta de viagem de trabalho a Maceió, tomou conhecimento da notícia sobre licitação para comissaria de bordo para o avião presidencial e determinou seu imediato cancelamento. A determinação presidencial é de que também este serviço tenha seu preço reduzido em relação ao que vinha sendo praticado anteriormente. A mesma instrução vale para todas as aeronaves que servem ao governo feral”, informou a nota.