PF indicia dona de tríplex no Gurarujá

20/08/2016

 

 

Prédio é onde fica o apartamento de Lula, que é investigado em outro inquérito

 

A Polícia Federal concluiu o relatório final da 22ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Triplo X”, e indiciou a publicitária Nelci Warken e seis pessoas ligadas ao escritório Mossack Fonseca, especializado em criação de empresas offshore. Segundo a PF, Nelci é a dona do tríplex 163-B do edifício Solaris, no Guarujá, que está em nome da offshore Murray Holdings.

O edifício é o mesmo em que está o tríplex preparado pela OAS para o ex-presidente Lula. Em outro inquérito, ainda não concluído, a LavaJato investiga se Lula era o real proprietário do apartamento, que está em nome da OAS. Vizinhos e funcionários atribuíam a propriedade do imóvel a Lula, como revelou O GLOBO em 2014.

Ontem, os advogados de Lula ingressaram com reclamação no Supremo Tribunal Federal contra o juiz Sérgio Moro, que negou o acesso da defesa aos documentos da investigação sobre o tríplex do Guarujá. Os advogados querem acesso ao inquérito que apura a aquisição do tríplex por Lula.

No último dia 25 de julho, o Ministério Público Federal havia informado à Justiça que a aquisição do tríplex está sendo apurada em inquérito separado. Em despacho, Moro afirmou que haveria “diligência ainda em andamento”.

A “Triplo X” foi deflagrada no dia 27 de janeiro e teve como objetivo investigar a transações comerciais envolvendo a empreiteira OAS, a Cooperativa dos Bancários (Bancoop) e pessoas ligadas ao PT.

 

INVESTIGAÇÃO CONTINUA

Pelo menos outros sete apartamentos do edifício Solaris permanecem em nome da OAS e também estão sob investigação. No prédio, também são donos de unidades Freud Godoy (133-A), ex-assessor especial da Presidência da República no governo do PT, e Sueli Falsoni Cavalcante (43-A), funcionária da construtora. O apartamento de Sueli seria da mulher do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

De acordo com o relatório final, a publicitária usou os serviços da Mossack Fonseca para ocultar a compra do imóvel.

Além de Nelci, são arroladas Maria Mercedes Riaño (chefe do escritório da Mossack no Brasil), Luis Fernando Hernandez, Rodrigo Andrés Cuesta Hernandez, Ricardo Honório Neto e Renata Britto, que trabalhavam para a Mossack. Também é indiciado o empresário Ademir Auada, que intermediava negócios para a Mossack.

 

 

O globo, n. 30329, 20/08/2016. País, p. 6.