O Estado de São Paulo, n. 44964, 25/11/2016. Política, p.A10

 

PF aponta propina de R$ 97 mil para ex-líder do governo Dilma

Fausto Macedo, Julia Affonso e Mateus Coutinho

 

 

Investigação apura pagamento em troca de intervenção junto ao Banco do Nordeste; inquérito vai ao STF. 

A Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal inquérito em que apura suspeita de propina ao deputado José Guimarães (PT-CE), ex-líder do governo de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.

Segundo nota da PF, “a investigação comprovou um deputado federal do Ceará recebeu propina do colaborador Alexandre Romano no valor de R$ 97, 7 mil em troca de sua intervenção junto ao ex-presidente do Banco do Nordeste (BNB), seu apadrinhado político”.

O dinheiro, segundo os investigadores, foi repassado pelo ex-vereador do PT Alexandre Romano, o Chambinho – um dos delatores da Lava Jato.

“Em razão dessa atuação, foi facilitada e viabilizada a concessão de financiamento de R$ 260 milhões pela instituição financeira às subsidiárias de uma empresa responsável pela construção de usinas eólicas no Estado da Bahia”, diz nota da Federal.

O pagamento da propina, de acordo com a PF, ocorreu por meio de dois cheques do colaborador.

O primeiro, no valor de R$ 30 mil, foi descontado por um escritório de advocacia.

O segundo cheque, no valor de R$ 67,7 mil, era destinado a uma companhia de indústria e comércio de papel, que forneceu matéria prima a uma empresa gráfica que prestava serviços ao deputado.

Segundo a nota da PF, foram apontados indícios suficientes de autoria e materialidade do delito de corrupção passiva qualificada cometido pelo ex-presidente do Banco do Nordeste do Brasil.

O relatório conclusivo do inquérito foi encaminhado ao STF anteontem com todo o material produzido na investigações.

Procurado pelo Estado, Guimarães não retornou o contato. 

‘Dinheiro na cueca’. Guimarães é irmão de José Genoino, ex-presidente do PT, condenado no processo do mensalão. Em 2005, José Adalberto Vieira, então assessor de Guimarães, foi preso no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com US$ 100 mil escondidos na cueca, e mais R$ 209 mil numa maleta de mão, quando embarcava para Fortaleza. 

Na Bahia

“Foi facilitada e viabilizada a concessão de financiamento de R$ 260 milhões pela instituição financeira às subsidiárias de uma empresa.”

Polícia Federal

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