O Estado de São Paulo, n. 44964, 25/11/2016. Política, p.A11

 

TSE revoga prisão domiciliar de Garotinho

Marcio Dolzan e Gilberto Amendola

 

 

O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) poderá deixar o apartamento onde mora e no qual está em prisão domiciliar a partir de hoje. Segundo um dos advogados dele, Fernando Fernandes, na tarde de ontem faltava apenas concluir os trâmites do pagamento da fiança de R$ 88 mil, estabelecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que ele responda ao processo em liberdade.

O advogado reafirmou que Garotinho processará os agentes públicos responsáveis por sua retirada do Hospital Souza Aguiar, desde o juiz que determinou a transferência para o Complexo de Gericinó, em Bangu, até os policiais responsáveis por colocá-lo na ambulância.

“O TSE confirmou que a prisão foi ilegal, e desumana a retirada do governador do hospital.

Reconheceu a ilegalidade do vazamento de gravações, o abuso da retirada dele do hospital e o abuso na exposição da imagem dele”, afirmou. “Os agentes que se envolveram na saída deles vão ser responsabilizados.” A decisão dos ministros do TSE impõe restrições a Garotinho.

Ele deverá permanecer no endereço onde está, no bairro do Flamengo, zona sul do Rio, e não poderá viajar à cidade de Campos dos Goytacazes (RJ).

Ele também está impedido de manter contato com testemunhas do processo ao qual responde, de possível compra de votos. O ex-governador poderá deixar o Rio por até três dias.

Uma das possíveis viagens será a Brasília, onde Garotinho pretende se encontrar com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “Ele já tinha um encontro marcado com o procurador, mas foi desmarcado por ele (Garotinho) não poder sair de casa. O ex-governador pediu ontem (anteontem) que seja remarcado e está aguardando um retorno”, disse Fernandes.

O advogado não quis comentar o teor da conversa que Garotinho pretende ter com Janot.

“Ele tem questões políticas, de acusações que faz. Não tenho procuração para falar sobre isso”, declarou.

No entanto, quando foi levado de maca para uma ambulância rumo a Bangu, Garotinho gritou com os agentes: “Levar é o cacete. Eu não vou. Isaías do Borel, tem um monte de preso lá que foi tudo eu que botei na cadeia.

Estão doidos para me levar para lá para me matar. Sabe que quarta-feira eu tenho reunião com dr. (Rodrigo) Janot para entregar o resto da quadrilha.

Isso tudo foi armado. Eu não vou”, disse na ocasião. 

Acusação. Por meio de nota, Garotinho agradece a todos que “oraram” por ele e sua família. “Agradeço a Deus, a todos que oraram por mim, a minha esposa, aos meus filhos, meus advogados e a todos aqueles que continuam acreditando que a justiça no Brasil deve ser para todos.” Ele acrescenta que não é acusado por corrupção.

“Não sou acusado de corrupção, enriquecimento ilícito ou qualquer desvio de verba pública, tão somente, de uma possível irregularidade eleitoral e me privar da liberdade por isso é uma verdadeira afronta ao Estado Democrático de Direito.

Na PF. Garotinho espera em sala após prisão, no dia 16.