O Estado de São Paulo, n. 44964, 25/11/2016. Política, p.A11
Amigo de Cabral solto por ‘erro’ volta à cadeia
Clarissa Thomé
Luiz Carlos Bezerra é investigado na Calicute; Polinter diz que mandado não foi comunicado, como afirmam juiz e PF.
Um “grave erro” permitiu que Luiz Carlos Bezerra, um dos investigados na Operação Calicute, fosse libertado na manhã de anteontem. Ele voltou à prisão na tarde de ontem, depois que o juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Criminal Federal, determinou que fosse recapturado. “Ele passou 24 horas livre, irregularmente.
Foi no mínimo falta de cuidado”, afirmou o juiz ao Estado.
Amigo de infância do ex-governador Sérgio Cabral, Bezerra teve a prisão preventiva decretada na Calicute, acusado de ser um dos operadores do esquema de recolhimento de propina de empreiteiras. Ao cumprirem o mandado de prisão, no dia 17, agente federais encontraram dois revólveres com Bezerra.
Ele foi preso, em flagrante, por porte ilegal de arma.
Na terça-feira, o juiz da 3.ª Vara Criminal concedeu habeas corpus pelo porte ilegal de armas. O alvará de soltura trazia a ressalva: “se por outro motivo não tiver que permanecer preso”. No entanto, Bezerra foi libertado.
Bretas classificou a libertação dele “grave erro material durante o cumprimento do alvará de soltura (...), quando foi desconsiderada a prisão preventiva anteriormente ordenada” pela 7.ª Vara Federal.
A Divisão de Capturas da Polícia Civil (Polinter) informou que a unidade “não foi comunicada pela 7.ª Vara Criminal Federal ou pela Polícia Federal sobre a existência de mandado de prisão expedido ou cumprido” contra Bezerra.
Ao Estado, o gabinete do juiz Bretas afirmou que o processo instaurado pela 7.ª Vara Federal consta do Sistema de Identificação Penitenciário (Sipen). Já a Polícia Federal disse que encaminhou o mandado de prisão preventiva e o auto de prisão em flagrante ao sistema prisional.
“Como exigido, (os documentos) foram devidamente ‘recibados’ pelo servidor responsável”.