Um protesto contra o governo do presidente Michel Temer e contra a votação da PEC do Teto e do pacote anticorrupção terminou em violência e quebra-quebra ontem na Esplanada dos Ministérios.
Pessoas feridas, prédios depredados, placas arrancadas e fragmentos queimados de barricadas foram o saldo do confronto que começou por volta das 17 horas, em frente do Congresso e durou ao menos quatro horas.
O principal mote do protesto, que reuniu cerca de 10 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, era a aprovação da PEC do Teto de Gastos. No momento da manifestação, repleta de cartazes com as inscrições “Fora Temer” e “Diretas Já”, o Senado discutia a matéria em plenário.
O grupo, liderado por estudantes, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), professores e grupos indígenas também reivindicava a revogação da medida provisória que reformula o ensino médio e bradava contra a anistia ao caixa 2.
A reação dos policiais contra os manifestantes começou após um carro ser virado. A partir daí, a Esplanada foi tomada por bombas de gás e spray de pimenta, usados pela PM para dispersar o ato.
A medida em que parte do grupo rumava em direção à Catedral de Brasília, na outra ponta da Esplanada, um rastro de destruição foi se formando. Pontos de ônibus foram quebrados, banheiros químicos virados, e as sedes dos ministérios da Educação e das Cidades, depredados.
Durante o protesto, um policial à paisana foi esfaqueado e encaminhado ao hospital. De acordo com informações oficiais, ele não corria risco de morte.
Para manifestantes, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, deveria ser responsabilizado pelo “exagero” da PM. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública repudiou a acusação de que agiu com violência.
Até a conclusão desta edição, quatro pessoas haviam sido encaminhadas para delegacia. / LÍGIA FORMENTI, ANDRÉ BORGES, DAIENE CARDOSO, IGOR GADELHA, ISABELA BONFIM, ISADORA PERON e JULIA LINDNER
GALERIA
1. Protesto contra governo federal e votação da PEC do Teto e do pacote anticorrupção, promovido por grupos diversos, teve barricada de fogo;
2. Carro foi virado por manifestantes;
3. Ativista ferida foi contida por policiais
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O presidente Michel Temer repudiou ontem, por meio do porta- voz Alexandre Parola, o que chamou de “vandalismo, destruição e a violência” de um grupo de manifestantes que, na Esplanada, provocou estragos em pelo menos sete ministérios.
“A intolerância não é forma de expressão democrática e não pode ser instrumento para pressionar o Congresso”, disse o presidente que, ao contrário do costume em dias de votações importantes, quando só deixa o Planalto após ter certeza da vitória, se dirigiu, por volta das 19h30, ao Palácio do Jaburu, que teve o acesso a ele fechado.
A violência dos manifestantes preocupou o governo, que teme que isso possa contaminar outras manifestações, marcadas para domingo, em São Paulo.
Segundo Temer, “o governo sempre esteve aberto ao diálogo e defende o direito às reivindicações”.
Avisou, no entanto, que “jamais transigirá com atos de destruição do patrimônio público e privado”. No início da noite, o Planalto foi informado que três black blocs foram presos no Ministério da Educação. Sobre a atuação da Polícia Militar do Distrito Federal, o Planalto considerou que “agiu corretamente, com a energia necessária”.