O Estado de São Paulo, n. 44969, 30/11/2016. Política, p. A8

Renan pede mais protagonismo do PSDB no governo

 
Adriana Fernandes

 

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu ontem um papel de maior protagonismo do PSDB no governo de Michel Temer. Para Renan, o PSDB tem divisões internas, mas a presença do partido na moldura do governo é fundamental.

Ele conversou sobre o assunto com o presidente em encontro anteontem à noite no Palácio do Jaburu.

“É melhor um governo sob a influência do PSDB do que de Eduardo Cunha”, disse Renan em conversa com um grupo de jornalistas após a sabatina do economista Felipe Salto para ocupar a diretoria executiva da Instituição Fiscal Independente (IFI). Para o peemedebista, uma ação de destaque do PSDB é fundamental para a transição política e econômica até as eleições de 2018.

Na avaliação do presidente do Senado, a questão política eleitoral tem que ser revolvida depois. “Agora tem que sair do buraco”, afirmou.

A declaração de Renan ocorre após a cúpula do PSDB demonstrar apoio ao governo em meio à crise que derrubou o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Principal legenda da base aliada, o PSDB foi o partido que mais se fortaleceu nas eleições municipais deste ano.

Na sexta-feira passada, tucanos participaram de um almoço com Temer. Aécio defendeu que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero fosse investigado por ter gravado uma conversa com o presidente. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que diante da circunstância do País, após o impeachment, é preciso “atravessar o rio”. “Isso é uma ponte, pode ser uma frágil, uma pinguela, mas é o que tem.

 

”Ovo da serpente’. O presidente do Senado considerou ontem que os desdobramentos da crise política e econômica têm como uma das origens a “decrépita” legislação eleitoral do País.

Renan participou de evento promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre a necessidade de se implantar nova reforma política no País.

“O ovo da serpente, a origem de todos os desalinhos, está na decrépita e permissiva legislação política eleitoral do País. É imperioso que aprimoremos essa legislação”, afirmou Renan.

Na semana passada, os senadores aprovaram uma Proposta de Emenda à Constituição que estabelece cláusula de barreira para os partidos e o fim das coligações nas eleições para deputados e vereadores. “Acho que é uma medida saneadora, mas sempre esbarra nas reações dos deputados que claro tem mais ascendência neste debate do que os senadores”, afirmou Renan.

Ele também defendeu a redução do número de legendas como forma de se evitar “recorrentes” crises políticas.

“Nosso modelo político eleitoral é uma dificuldade extra para a nossa jovem democracia. Já que proliferação de legenda é essencialmente fragmentadora.

Ela dificulta a formação de maiorias, proporcionando crises políticas recorrentes. Imagina os senhores o que significa a negociação de uma proposta controversa, com 31 líderes de nano legendas.

Ao falar sobre a agenda de votação no Senado, Renan disse que a proposta com o fim da reeleição deve ser discutida ainda nesta semana no plenário. “Cerca dos 70% dos casos de improbidade e de utilização do poder econômico e político acontece exatamente nas reeleições”, afirmou. / COLABORARAM ERICH DECAT e BRENO PIRES

 

Senador. O presidente do Senado, Renan Calheiros, faz críticas ao sistema eleitoral do País

 

‘Origem’

“O ovo da serpente, a origem de todos os desalinhos, está na decrépita e permissiva legislação política eleitoral do País. É imperioso que aprimoremos essa legislação.”

Renan Calheiros (PMDB-AL)

PRESIDENTE DO SENADO