O Estado de São Paulo, n. 44948, 09/11/2016. Política, p. A6
Por: Julia Affonso / Fausto Macedo / Ricardo Brandt
Já condenado em três ações penais, o ex-tesoureiro do PT João VaccariNeto foi indiciado novamente ontem, 08, pela Polícia Federal por corrupção e associação criminosa no âmbito da Operação Lava Jato. Com ele foram indiciados dois executivos da construtora Carioca Engenharia, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior - estes por corrupção ativa, associação criminosa e crime contra a ordem tributária.
Segundo a delegada federal Renata da Silva Rodrigues, “na condição de diretores ou conselheiros” da empreiteira, os executivos autorizaram e determinaram o pagamento de propina no esquema de corrupção instalado na Petrobrás e fraudaram “a competitividade de certames licitatórios” da estatal.
Também foram indiciados neste inquérito o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, o ex-gerente executivo da estatal Pedro Barusco e o lobista Mario Góes.
Ricardo Pernambuco, Ricardo Pernambuco Júnior, Mário Góes e Pedro Barusco fizeram acordo de delação premiada e colaboram com os investigadores da Lava Jato.
De acordo com a delegada, Vaccari teria “exigido e recebido vantagem indevida da Carioca, como intermediário do PT em concurso com Renato Duque, em 2011, para influenciar em convite para a obra da Fábrica de Fertilizantes em Uberaba, em Minas Gerais”.
O relatório da PF cita ainda o lobista Adir Assad, não indiciado neste caso, mas já condenado a 9 anos e 10 meses em outra ação por lavagem de dinheiro e associação criminosa também relacionada a esquema de desvios na Petrobrás.
“Os recursos foram pagos em espécie a Vaccari, por meio do ‘caixa 2’ da Carioca, o qual contava, entre outras, com empresas do grupo de Adir Assad, já denunciado por sua atuação continuada como lavador de dinheiro”, aponta o relatório.
A PF também afirma no relatório que Barusco recebeu, por meio de Góes, “vantagem indevida paga pelos executivos da Carioca Engenharia, entre 2008 a 2012, a fim de influenciar nos contratos do Gasoduto Coari-Manaus, Píer de GNL e Terminal Aquaviário de Barra do Riacho”.
O conteúdo do inquérito da PF ainda será analisado pelo Ministério Público Federal, que decidirá se apresenta denúncia à Justiça Federal em Curitiba.
Outros casos
O ex-tesoureiro do PT já foi condenado em três ações penais da Lava Jato: 15 anos e 4 meses de reclusão, em 21 de setembro de 2015, pelos crimes de corrupção, de lavagem e de associação criminosa; em 18 de maio de 2016, a nove anos de prisão pelo crime de corrupção passiva; e em 15 de setembro deste ano, a 6 anos e oito meses de reclusão pelo crime de corrupção passiva. Vaccariainda responde a mais três ações penais perante a 13ª Vara Federal, em Curitiba, da qual o juiz Sérgio Moro é responsável.
Defesa
O advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende Vaccari, tem reiterado que o ex-tesoureiro do PT jamais arrecadou valores de origem ilícita. Segundo D’Urso, todos os valores captados por Vaccari foram contabilizados legalmente no caixa do PT e declarados à Justiça Eleitoral.
O advogado Luciano Feldens, defensor da Carioca Engenharia, informou por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai se manifestar sobre o despacho de indiciamento dos executivos da empresa. (Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt)
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Por: Julia Lindner / Beatriz Bulla / Rafael Moraes Moura
A Polícia Federal (PF) sugeriu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o arquivamento do inquérito contra o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) no âmbito da Operação Lava Jato. O relatório da PF afirma que não há “indícios mínimos de autoria e materialidade” para prosseguir com o processo.
O pedido de arquivamento foi enviado no dia 29 de setembro ao ministro do STF Teori Zavascki, relator da Lava Jato na Corte. Antes de uma decisão de Teori o relatório ainda precisa ser analisado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que pode endossar ou não o posicionamento da PF.
Lindbergh é investigado pelos crimes de corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro. Ele foi acusado pelo exdiretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa de ter recebido R$ 2 milhões de origem ilegal durante sua campanha para o Senado, em 2010. Segundo Costa, o dinheiro teria sido entregue pelo doleiro Alberto Youssef, que, por sua vez, negou ter intermediado a entrega dessa quantia.
O senador do PT nega que tenha recebido.
Executivos. De acordo com o delegado da PF Luiz Gustavo de Souza Carvalho, nenhum dos executivos das construtoras que doaram para a campanha de Lindbergh confirmou o depoimento de Costa. Foram ouvidos representantes da Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Engevix, Carioca, UTC, Iesa Óleo e Gás e Setal Engenharia.
“Nenhum dos executivos ouvidos no bojo deste apuratório, inclusive na condição de colaboradores, foi capaz de corroborar a narrativa que ensejou a instauração do presente inquérito, ou ao menos de que as contribuições tivessem origem ilícita.
Portanto, ausentes indícios mínimos de autoria e materialidade relator o presente feito no estado em que se encontra, sugerindo o arquivamento”, diz o documento. / JULIA LINDNER, BEATRIZ BULLA e RAFAEL MORAES MOURA