O Estado de São Paulo, n. 44948, 09/11/2016. Economia, p. B6

Petrobrás volta a reduzir preço dos combustíveis

Estatal anunciou que preço do diesel nas refinarias cairá 10,4% e o da gasolina terá corte de 3,1%; redução anterior foi feita há menos de um mês

Por: Vinicius Neder

 

Menos de um mês após anunciar a primeira queda no preço dos combustíveis em sete anos, a Petrobrás voltou a cortar as tarifas nas refinarias. A partir de hoje, a gasolina está 3,1% mais barata, enquanto o preço do óleo diesel recuou 10,4%, conforme anunciou a estatal na noite de ontem.

Segundo a Petrobrás, se o reajuste for integralmente repassado pelos distribuidores e postos de combustível para o consumidor final, o diesel pode cair cerca de R$ 0,20 por litro, e a gasolina, R$ 0,05 por litro.

Em 14 de outubro, a Petrobrás já tinha decidido cortar os preços nas refinarias em 3,2% na gasolina e 2,7% no óleo diesel.

Foi o primeiro corte desde 2009. O efeito para o consumidor final, porém, foi irrisório.

Na verdade, uma semana após o anúncio, o preço da gasolina havia subido em 11 Estados.

Para justificar o corte de ontem, a Petrobrás informou que a cotação do barril de petróleo registrou queda de 12% desde 14 de outubro. A estatal também voltou a citar a concorrência com outros importadores de combustíveis, que vêm tirando mercado da estatal, como um dos motivos para reduzir os preços, como havia feito no mês passado.

O corte feito de outubro marcou a inauguração de uma nova política de preços, na qual a tarifa dos combustíveis segue a tendência das cotações internacionais do petróleo. Ao longo do governo da presidente Dilma Rousseff, a Petrobrás segurou seus preços, ajudando a não deixar a inflação disparar. As quedas de agora, em sentido contrário, devem ajudar a reduzir a inflação.

De 2011 a 2014, as cotações de petróleo estavam em alta, e a estatal perdia dinheiro com a operação, pois pagava um preço mais alto na importação do que na venda no mercado interno.

Desde que os preços do barril começaram a cair, em meados de 2014, a conta se inverteu e a Petrobrás começou a ganhar receita com a operação. O corte nos preços dos combustíveis, portanto, diminuirá a receita da companhia.

 

Mercado. Apesar disso, quando o corte de outubro foi anunciado, a notícia foi bem recebida no mercado financeiro, por sinalizar o compromisso da nova gestão em manter os preços dos combustíveis alinhados com o mercado internacional.

“A metodologia definida pela Petrobrás prevê a revisão dos preços cobrados nas refinarias pelo menos uma vez por mês”, informa a nota distribuída ontem pela estatal. “O objetivo é fazer com que a Petrobrás possa implementar uma política de preços competitivos que reflita os movimentos do mercado internacional de petróleo em períodos mais curtos.” A estatal alertou, no entanto, que, como os preços do mercado de combustíveis, na distribuição e nos postos, são livres, “as revisões feitas pela Petrobrás nas refinarias podem ou não se refletir no preço final ao consumidor”. “Isso dependerá de repasses feitos por outros integrantes da cadeia de petróleo, especialmente distribuidoras e postos de combustíveis”, diz a nota da companhia.