Título: Contrato para voar
Autor: Sassine, Vinícius
Fonte: Correio Braziliense, 30/11/2011, Política, p. 4

Passados 18 dias da revelação do voo do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, em avião providenciado pelo dono da Fundação Pró-Cerrado, ainda não apareceram os comprovantes do pagamento do aluguel da aeronave, pertencente à Aerotec Táxi Aéreo, sediada em Goiânia. A fundação também está sediada na capital goiana e tem outra sede em Brasília. O ex-secretário de Políticas Públicas de Emprego Ezequiel Nascimento relatou a integrantes do PDT que Adair Meira, o presidente da Pró-Cerrado, mantém uma espécie de "contrato de gaveta" para o uso da aeronave. Segundo os relatos do ex-secretário, a explicação foi dada pelo próprio Adair, ao ser questionado sobre como o King Air que transportaria o ministro Carlos Lupi seria pago.

Nos voos pelo interior do Maranhão, em dezembro de 2009, Adair esteve presente, com Lupi, Ezequiel, o ex-governador do Maranhão Jackson Lago (morto em abril deste ano) e o deputado federal Weverton Rocha (PDT-MA), que era assessor do ministro na época. Entre os eventos dos quais participaram, estavam a formatura de uma turma do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), compromissos com prefeitos e vereadores e reuniões do partido.

Ezequiel era um dos principais aliados de Lupi no ministério, até perder o controle do diretório do PDT no Distrito Federal. O ex-secretário não conseguiu ser eleito deputado distrital em outubro do ano passado. Diante da perda de espaço no partido, Ezequiel decidiu confirmar a história do voo patrocinado pela Fundação Pró-Cerrado. O Correio mostrou ontem que o irmão de Ezequiel, Vanderlei Nascimento, foi responsável por destinar dinheiro do Projovem a uma empresa fantasma em Cidade Ocidental, município no Entorno onde ele é secretário do Trabalho.