O Estado de São Paulo, n. 44945, 06/11/2016. Metrópole, p. A29
Mec adia Enem de 30 mil no dia da prova
Meia hora antes do início de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Ministério da Educação ainda atualizava ontem a lista das escolas onde a prova não seria aplicada por causa da ocupação dos colégios e enviava mensagens pelo celular para avisar os alunos inscritos nesses locais. O exame foi suspenso ontem em mais 41 locais, atingindo 30.729 estudantes.
No total, 271.033 dos 8,6 milhões de candidatos do Enem 2016 tiveram a prova adiada para 3 e 4 de dezembro.
O adiamento do exame para os candidatos que realizariam a prova em escolas que estão ocupadas – em protesto contra a reforma do ensino médio do governo federal e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que estabelece um limite para o aumento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos – causou transtornos. Houve casos de alunos que tinham dúvida se fariam ou não o Enem, porque o local estava parcialmente ocupado; de estudantes que só descobriram que não fariam o exame ao chegar ao local; e de candidatos que receberam mensagens avisando que a escola estava ocupada, mas foram ao colégio e o exame foi aplicado. Para a maioria, porém, o exame transcorreu normalmente.
Em Fortaleza, os 500 estudantes que fariam o exame na Universidade Federal do Ceará, no câmpus do Benfica, souberam do adiamento ao chegar ao local.
A Faculdade de Educação foi ocupada anteontem, e os candidatos afirmam que não receberam aviso do MEC. “Abri mão de muitas coisas para chegar aqui e saber que só vou fazer a prova em dezembro. Isso é injusto comigo e também com quem está fazendo o exame agora, pois eu terei mais um mês para estudar”, lamentou Pâmela Souza, de 17 anos, que faz o Enem pela primeira vez.
Em Belo Horizonte, a candidata Iracema Ferreira, de 35 anos, ficou aliviada ao chegar à Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), que está parcialmente ocupada desde quinta-feira, e descobrir que o exame ocorreria.
Antes de entrar, ela criticou as ocupações. “Muita gente estudou, se planejou e só vai fazer a prova em dezembro.” No Paraná, que concentra 122 ocupações, alguns desavisados passaram pelas 77 escolas onde não haveria exame. No Colégio Estadual do Paraná, o maior do Estado, apenas três dos 787 inscritos para o Enem apareceram.
No portão principal, representantes da Cesgranrio, entidade responsável pela aplicação da prova, alertou os alunos sobre as novas datas do exame.
Em São Paulo, onde apenas o Instituto Federal de São Paulo (IFSP) está ocupado, a entrada do estudantes foi normal, com o registro comum de atrasados que perderam o exame. Para minimizar o problema, na Uninove, na Barra Funda, na zona oeste, uma das maiores escolas de aplicação do Enem na capital, um grupo de pessoas de faculdades segurava placas na saída da Estação Palmeiras-Barra Funda orientando os candidatos.
Balanço positivo. À noite, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e o MEC minimizaram os problemas e disseram que em 97% dos locais a prova transcorreu normalmente. “Foi muito tranquilo”, afirmou a secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães.