O Estado de São Paulo, n. 44945, 06/11/2016. Metrópole, p. A29

Mec adia Enem de 30 mil no dia da prova

 

Murilo Rodrigues Alves
Leonardo Augusto
Isabela Palhares
Fabrício De Castro
Luiz Fernando Toledo

 

Meia hora antes do início de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Ministério da Educação ainda atualizava ontem a lista das escolas onde a prova não seria aplicada por causa da ocupação dos colégios e enviava mensagens pelo celular para avisar os alunos inscritos nesses locais. O exame foi suspenso ontem em mais 41 locais, atingindo 30.729 estudantes.

No total, 271.033 dos 8,6 milhões de candidatos do Enem 2016 tiveram a prova adiada para 3 e 4 de dezembro.

O adiamento do exame para os candidatos que realizariam a prova em escolas que estão ocupadas – em protesto contra a reforma do ensino médio do governo federal e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que estabelece um limite para o aumento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos – causou transtornos. Houve casos de alunos que tinham dúvida se fariam ou não o Enem, porque o local estava parcialmente ocupado; de estudantes que só descobriram que não fariam o exame ao chegar ao local; e de candidatos que receberam mensagens avisando que a escola estava ocupada, mas foram ao colégio e o exame foi aplicado. Para a maioria, porém, o exame transcorreu normalmente.

Em Fortaleza, os 500 estudantes que fariam o exame na Universidade Federal do Ceará, no câmpus do Benfica, souberam do adiamento ao chegar ao local.

A Faculdade de Educação foi ocupada anteontem, e os candidatos afirmam que não receberam aviso do MEC. “Abri mão de muitas coisas para chegar aqui e saber que só vou fazer a prova em dezembro. Isso é injusto comigo e também com quem está fazendo o exame agora, pois eu terei mais um mês para estudar”, lamentou Pâmela Souza, de 17 anos, que faz o Enem pela primeira vez.

Em Belo Horizonte, a candidata Iracema Ferreira, de 35 anos, ficou aliviada ao chegar à Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), que está parcialmente ocupada desde quinta-feira, e descobrir que o exame ocorreria.

Antes de entrar, ela criticou as ocupações. “Muita gente estudou, se planejou e só vai fazer a prova em dezembro.” No Paraná, que concentra 122 ocupações, alguns desavisados passaram pelas 77 escolas onde não haveria exame. No Colégio Estadual do Paraná, o maior do Estado, apenas três dos 787 inscritos para o Enem apareceram.

No portão principal, representantes da Cesgranrio, entidade responsável pela aplicação da prova, alertou os alunos sobre as novas datas do exame.

Em São Paulo, onde apenas o Instituto Federal de São Paulo (IFSP) está ocupado, a entrada do estudantes foi normal, com o registro comum de atrasados que perderam o exame. Para minimizar o problema, na Uninove, na Barra Funda, na zona oeste, uma das maiores escolas de aplicação do Enem na capital, um grupo de pessoas de faculdades segurava placas na saída da Estação Palmeiras-Barra Funda orientando os candidatos.

Balanço positivo. À noite, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e o MEC minimizaram os problemas e disseram que em 97% dos locais a prova transcorreu normalmente. “Foi muito tranquilo”, afirmou a secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães.