O Estado de São Paulo, n. 44957, 18/11/2016. Política, p.A5

 

Mesada bancou festas, joias e até lancha

Clarissa Thomé e Constança Rezende

 

 

Em decisão, Moro afirma estranhar frequência das ‘aquisições vultosas’ da família de Cabral. 

As mesadas recebidas por Sérgio Cabral (PMDB) de empreiteiras com contratos com o Estado pagaram mordomias da família do ex-governador, aponta a denúncia do Ministério Público Federal.

Segundo os dados que constam do que foi considerada “contabilidade paralela”, a propina serviu para pagar desde o cachorro-quente da festa do filho de Cabral aos vestidos da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo.

Também foi apreendida uma lancha de R$ 5 milhões, cuja propriedade é atribuída a Cabral.

Em sua decisão, o juiz Sérgio Moro registrou que causou “certa estranheza a frequência de aquisições vultosas de bens móveis em espécie”. A ex-primeira-dama adquiriu, em dinheiro vivo, seis vestidos (R$ 57 mil), eletrodomésticos (R$ 110 mil), móveis (R$ 33 mil), dois minibugues (R$ 40 mil) e equipamentos gastronômicos (R$ 72 mil).

A Polícia Federal divulgou fotografias de relógios e joias apreendidos, entre eles um colar de pérolas Cartier, mas não informou a quem pertenciam os objetos. Apreendeu ainda 17 veículos, 18 obras de arte, R$ 81.500 e US$ 26.300.

Ex-assessor. Em relação à lancha, a embarcação batizada de Manhattan Rio ficava guardada na marina do Condomínio Portobello, em Mangaratiba, na Costa Verde. Ali, a família Cabral tem casa de veraneio e costuma realizar festas e receber convidados.

Um dos eventos custou R$ 81.160. A lancha está em nome de Paulo Fernando Magalhães Pinto Gonçalves, ex-assessor de Cabral, também preso ontem.

Havia ainda um helicóptero em nome de uma das empresas de Gonçalves, vendido em junho passado.

A defesa de Paulo Fernando Magalhães Pinto emitiu nota rebatendo as acusações.