O Estado de São Paulo, n. 44957, 18/11/2016. Política, p.A7

 

Prisão abala o Planalto por mirar no PMDB

Vera Rosa e Tânia Monteiro

 

 

A prisão do ex-governador do Rio Sérgio Cabral provocou no Planalto a sensação de que a Lava Jato agora mira no PMDB e pode chegar muito perto de auxiliares do presidente Michel Temer.

O receio do governo é mais com o que está por vir – na esteira da delação do empresário Marcelo Odebrecht, preso desde junho de 2015 em Curitiba – do que com o que foi revelado até hoje pelos investigadores.

Embora Cabral não seja do grupo político de Temer, sempre foi um nome de peso no PMDB. Causa apreensão no Planalto, ainda, a proximidade do ex-governador com o secretário do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, e também com Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio e pai do ministro do Esporte, Leonardo Picciani.

O porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, afirmou que Temer confia plenamente em Moreira, outro ex-governador do Rio. Antes mesmo de ser preso, o deputado cassado Cunha (PMDB-RJ) repetiu que Moreira “não resiste” a uma investigação.

Questionado sobre a prisão de Cabral, Moreira não quis comentar o assunto. 

Entidades criticam PF

A Abert, a Aner e a ANJ divulgaram nota ontem criticando a “truculência” de agentes da Polícia Federal contra repórteres da TV Globo e da GloboNews que cobriam a prisão de Sérgio Cabral.