O Estado de São Paulo, n. 44957, 18/11/2016. Política, p.A7

 

Garotinho é transferido para Bangu

Fábio Grellet

 

 

Tumulto na porta de hospital no Rio marca saída de ex-governador, que é levado para o mesmo complexo penitenciário onde já estava Sérgio Cabral.

Preso na manhã de anteontem, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) foi transferido na noite de ontem do Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio, para o presídio Frederico Marques, no complexo penitenciário de Bangu, na zona oeste da cidade.

A transferência foi tumultuada.

Sua mulher, a ex-governadora Rosinha Garotinho, atual prefeita de Campos dos Goytacazes, e Clarissa Garotinho, uma das filhas do casal e deputada federal, choraram e protestaram contra a ordem judicial. “Solta ele. Eu quero ir com ele”, gritou Clarissa na porta do hospital.

O próprio ex-governador esbravejou ao ser levado de maca para uma ambulância e precisou ser contido. Mas não adiantou: Garotinho foi levado por policiais federais para Bangu – mesmo complexo prisional para onde foi levado Sérgio Cabral (PMDB), outro ex-governador e seu adversário político.

Regalias. Na decisão em que determinou a transferência, o juiz eleitoral Glaucenir Silva de Oliveira alegou ter tomado conhecimento de que o ex-governador estaria “recebendo diversas regalias no hospital”. Garotinho foi transferido para a unidade de saúde anteontem, após reclamar de crise hipertensiva enquanto aguardava, na sede da Polícia Federal no Rio, ser transferido para a PF em Campos. Ele foi preso sob suspeita de participar de um esquema de compra de votos na cidade. “Mostra-se imperioso fazer cessar quaisquer regalias que o réu possa estar recebendo”, escreveu o juiz.

Oliveira afirma que “o referido complexo (de Bangu) é provido de uma Unidade de Pronto Atendimento e, segundo foi informado pelo diretor do sistema penitenciário, naquela unidade prisional é possível realizar o tratamento adequado”.

O advogado de Garotinho criticou o juiz pela ordem de transferência, feita, segundo ele, contra a opinião de médicos. “É lastimável um juiz ultrapassar protocolos médicos e usar a força para retirar um paciente de um hospital. Jamais se viu decisão tão prepotente, arbitrária e desumana”, afirmou Fernandes.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde negou que Garotinho tenha recebido regalias e disse que, devido à repercussão do caso, uma sala do hospital foi reservada aos seus familiares para evitar que a rotina da unidade de saúde fosse alterada. 

Condução. Garotinho resiste a entrar em ambulância.