O Estado de São Paulo, n. 44956, 17/11/2016. Política, p. A7

Defesa de Lula diz ter certeza de condenação

Advogados anunciaram a inclusão, na reclamação feita em comitê da ONU, de novas evidências de violações contra o ex-presidente no Brasil

Por: Jamil Chade

 

Os advogados de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmam dar como certa a condenação do petista nos processos relacionados à Operação Lava Jato.

Em entrevista a jornalistas na Suíça, os defensores chamaram a Justiça brasileira de “primitiva”, atacaram a imprensa e sugeriram que, por causa das investigações, os Estados Unidos ficarão com o petróleo brasileiro.

“Moro age de uma forma inaceitável”, disse o advogado australiano Geoffrey Robertson, que representa Lula no caso apresentado pelo ex-presidente no Comitê de Direitos Humanos da ONU. A declaração à imprensa em Genebra foi convocada para anunciar a inclusão de novas evidências na reclamação protocolada em julho no órgão internacional.

“Algumas coisas ocorreram desde julho e temos o dever de informar o comitê”, disse Robertson.

O caso, porém, ainda não tem data para se analisado pelo colegiado da ONU.

O ex-presidente, por videoconferência, apontou para as irregularidades em seu processo no Brasil. “Estou sendo vítima de perseguição política e que visa destruir o partido de esquerda mais importante da América Latina”, disse Lula.

Segundo o advogado Cristiano Zanin Martins, que foi a Genbra para o anúncio, o ex-presidente vai ficar no Brasil durante o processo. “É bobagem falar de asilo”, disse. Na avaliação do advogado, com as “ações bilionárias contra a Petrobrás” nos EUA, uma condenação faria com que “eles levassem boa parte das reservas de nosso País”.

 

Gestão de reputação. A entrevista dos advogados em Genebra foi organizado pela BLJ London, empresa que, em seu site, afirma “administrar reputações”. Fornecemos “conselhos estratégicos discretos”, aponta.

Dois funcionários da empresa viajaram da Grã-Bretanha até a Suíça para o evento. Entre os clientes estão a Ralph Lauren, Catar, The Walt Disney Company e o Principado de Mônaco.

O Estado questionou a empresa sobre quem fez a contratação para o evento de ontem, mas não obteve resposta.

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Janot denuncia presidente do PP na Lava Jato

Por: Julia Lindner / Rafael Moraes Moura

 

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), ao Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato. A PGR acusa o parlamentar de solicitar e receber propina no valor de R$ 2 milhões da UTC Engenharia.

Segundo a denúncia, Nogueira fazia parte do grupo do PP que participava do esquema de corrupção relacionado à Diretoria de Abastecimento da Petrobrás.

O pedido de propina foi relatado na delação premiada do presidente da UTC, Ricardo Pessoa, e, de acordo com os investigadores, confirmado por provas incluídas na denúncia. Ele teria recebido remessas de dinheiro em troca de promessas de favorecer a empreiteira em obras públicas de responsabilidade do Ministério das Cidades.

A denúncia oferecida pela PGR pede a condenação de Pessoa pelo crime de corrupção ativa e dos outros envolvidos, incluindo Nogueira, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Janot também solicita a decretação da perda em favor da União dos bens e valores objeto de lavagem de dinheiro no valor de R$ 2 milhões e mais a reparação dos danos materiais e morais no mesmo valor. Pede ainda a decretação da perda da função pública para os condenados detentores de cargo ou emprego público ou mandato eletivo.

De acordo com a acusação, entre fevereiro e março de 2014, o valor de R$ 1,4 milhão foi entregue na residência do senador, diretamente a um de seus auxiliares.

A outra parte da propina, no valor de R$ 475 mil, foi paga entre agosto e dezembro de 2014, por meio de contrato fictício.

O relator da Lava Jato no Supremo, ministro Teori Zavascki, agora deve decidir se aceita a ação penal e torna o senador réu.

A defesa de Nogueira não foi localizada na noite de ontem.

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Cláudia depõe

 

A mulher do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou ontem, ao juiz Sérgio Moro, que “desconhecia a existência de conta no exterior em seu nome”.