Título: Ortega tenta 3º mandato
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Fonte: Correio Braziliense, 06/11/2011, Mundo, p. 22

Com o apoio de Hugo Chávez, o presidente é favorito nas eleições que ocorrem hoje na Nicarágua e deve se reeleger no primeiro turno. Empresário é seu principal oponente

Os nicaraguenses vão hoje às urnas definir o futuro político do país, o segundo mais pobre da América Latina. Um total de 3 milhões e 400 mil pessoas foram convocadas a participar das eleições presidenciais e legislativas, nas quais o presidente Daniel Ortega deve ser reeleito para um terceiro mandato. O ex-guerrilheiro, candidato pelo partido Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN, de esquerda), tem 48% das intenções de voto e o apoio financeiro do chefe de Estado venezuelano, Hugo Chávez. Seu principal adversário, o empresário de rádio Fabio Gadea, do Partido Liberal Independente (PLI), é apoiado por 30% dos eleitores.

Com essas estimativas, feitas pelo Instituto Cid Gallup, Ortega, 66 anos, venceria o pleito no primeiro turno, já que a lei eleitoral da Nicarágua determina que, para ganhar, o candidato deve ter 40% dos votos ou 35%, com vantagem de pelo menos cinco pontos percentuais sobre o segundo colocado. Outra pesquisa de opinião, elaborada pela Consultora Século Novo, traz resultados ainda mais vantajosos para o presidente: 59,6% das intenções do eleitorado.

O presidente governou o país durante a década de 1980 e voltou ao poder em 2007. Ele promete dar continuidade aos projetos sociais de educação e saúde que são financiados em parceria com a Venezuela. Os opositores o acusam de praticar "populismo" e "clientelismo" e estão furiosos com a candidatura de Ortega, amparada por uma decisão judicial determinando que, no caso do ex-guerrilheiro, não se aplica a proibição constitucional da reeleição sucessiva. "Estamos em uma ditadura na qual não se respeitam nem a Constituição nem as leis. É um governo corrupto", acusa Gadea, 79 anos.

A principal promessa do oposicionista é implementar uma "revolução de honestidade" a fim de recuperar a institucionalidade do país. "É um governo corrupto. Queremos mudar esse sistema e recuperar a democracia", disse o candidato, em entrevista ao jornal espanhol El País. Já os outros concorrentes à presidência, no entanto, não parecem ter propostas concretas sobre o que fazer para acabar com a miséria da população.

As eleições são observadas por 200 delegados da União Europeia (UE) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) e vêm sendo alvo de denúncias de irregularidade. Concorrentes de direita dizem temer que ocorram fraudes no pleito, como teria acontecido nas eleições municipais de 2008, vencidas pelo FSLN.