Correio braziliense, n. 19521, 05/11/2016. Política, p. 5

Ocupações prejudicam 240 mil alunos no país

Exame Nacional do Ensino Médio será aplicado hoje e amanhã. Coordenadores do Enem terão autonomia para suspender a aplicação de provas caso ocorra algum conflito com manifestantes nos locais dos testes. MEC informa que 364 escolas estão ocupadas

Por: Gabriela Vinhal

 

A quantidade de escolas ocupadas subiu de 304 para 364 em todo o país, segundo o último levantamento do Ministério da Educação (MEC), divulgado ontem. São 240 mil alunos prejudicados — cerca de 49 mil nesses 60 colégios a mais, além dos 191.464 anunciados na última terça —, que farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 3 e 4 de dezembro. Com o aumento de estudantes mobilizados, o governo pediu a governadores para reforçar o policiamento durante a aplicação das provas, hoje e amanhã.

Segundo o ministro da Educação, Mendonça Filho, para garantir a segurança e a integridade dos alunos neste fim de semana, os coordenadores do Enem, presentes nos locais de prova, terão autonomia suficiente para cancelar as provas, se presenciarem situações de conflito ou tentativa de extravio do exame: “Cada coordenador vai avaliar a situação para ter certeza de que as condições de segurança estão garantidas”.

Se houver uma nova ocupação em qualquer escola do país, de acordo com o ministro, o estudante que fará a prova no local também será liberado. “A gente não vai pedir para a PM ficar dividindo um corredor humano entre aqueles que querem fazer a prova e aqueles que não querem. Seria um altíssimo risco, desagradável”, justificou.

Os estudantes que ocupam colégios do país há cerca de um mês são contrários à medida provisória que prevê a reforma do Ensino Médio e à proposta de emenda à Constituição que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos à correção da infla- ção do ano anterior. Como condição para deixar as instituições escolares, os jovens pedem que o governo volte atrás no processo da MP. Contudo, Mendonça Filho avisa que a medida “não será retirada”.

 

Custo

Com o aumento de escolas ocupadas, a presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Fini, afirmou que a aplicação dos novos testes deve custar mais do que os R$ 12 milhões estimados. O cálculo foi feito com base no custo médio da prova por aluno, que é de R$ 90, multiplicado pelo total de candidatos afetados. Sem abater o custo dos fiscais de prova, o valor pode chegar a R$ 21,6 milhões. No entanto, o MEC afirma que só pode calcular o custo total do depois de ele ser realizado, no próximo fim de semana.

O cronograma das provas não será alterado e todos os alunos terão os resultados a tempo de se inscreverem no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). “Temos condições de processar os resultados a tempo de os alunos integrarem a lista do Sisu e do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil)”, afirmou. Questionada sobre a possibilidade de acontecer qualquer evento no segundo dia do exame, Fini pontua que os candidatos realizarão a prova com os demais estudantes, ou seja, em 4 de dezembro. “Mas eu espero, realmente, que isso não aconteça”.

Os participantes afetados pelas ocupações são de 18 estados brasileiros e do Distrito Federal. Acre, Amazonas, Amapá, Ceará, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo não estão na lista. No total, 8,386 milhões de alunos de farão o Enem hoje e amanhã. Os afetados pelo adiamento equivalem a 2,79% do total.

 

Frase

"Cada coordenador vai avaliar a situação para ter certeza de que as condições de segurança estão garantidas”

Mendonça Filho, ministro da Educação