PF indicia Cabral, sua mulher e mais 14 investigados na Calicute

Chico Otavio e Juliana Castro

03/12/2016

 

 

Ex-governador está preso acusado de chefiar esquema de corrupção

 

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e a mulher dele, Adriana Ancelmo, estão entre os 16 indiciados pela Polícia Federal no Rio de Janeiro, que finalizou ontem o inquérito da Operação Calicute, deflagrada em 17 de novembro. Na operação, foram presos Cabral e ex-secretários de sua gestão.

Com o indiciamento, o Ministério Público Federal (MPF) deve oferecer denúncia nas próximas semanas no âmbito da Operação Calicute. Caberá ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, aceitá-la ou não.

De acordo com a PF, o indiciamento feito por conta de investigações conduzidas pela Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor) é relativo aos crimes de corrupção passiva e ativa, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Serão instaurados ainda outros inquéritos policiais para aprofundamento de novas vertentes da investigação. A PF concluiu também a perícia nas joias apreendidas na Operação Calicute e apontou que as 40 peças estão avaliadas em pouco mais de R$ 2 milhões.

Cabral está preso em Bangu 8 e divide a cela com outros cinco presos da Operação Calicute: os operadores Carlos Emanuel Miranda, o Carlinhos, e José Orlando Rabelo; o ex-secretário de Obras Hudson Braga; Luiz Paulo Reis, apontado como laranja de Braga; e o ex-assessor Paulo Fernando Magalhães Pinto. Todos seguiram o ritual de entrada no sistema carcerário e tiveram os cabelos raspados. Eles estão entre os indiciados pela PF.

O MPF chegou a pedir a prisão de Adriana Ancelmo, mas ela foi negada pelo juiz Marcelo Bretas. Com isso, ela foi levada coercitivamente para depor. A mulher de Cabral está sendo indiciada por lavagem de dinheiro, pertencimento a organização criminosa e corrupção passiva (participação no esquema do marido). A Justiça determinou o bloqueio de imóveis de Adriana Ancelmo e de R$ 1 bilhão de Cabral e de outras cinco pessoas.

De acordo com o MPF, o esquema de corrupção era chefiado por Cabral e teria desviado R$ 224 milhões em contratos do governo do Estado do Rio.

Cabral também teve a prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, por suposto recebimento de propina nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). As investigações no Rio se concentraram principalmente no recebimento de propina em três obras: PAC das Favelas, reforma do Maracanã e Arco Metropolitano. De acordo com delatores, Cabral pedia propina de 5% do valor das obras.

 

 

O globo, n. 30434, 03/12/2016. País, p. 04.