Título: Mínimo de 15% no cartão
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 12/11/2011, Economia, p. 15

O Banco Central resolveu aliviar o bolso do consumidor que está pendurado no cartão de crédito, mantendo em 15% o pagamento mínimo da fatura mensal. Assim, se a dívida é de R$ 1 mil, o cliente tem a obrigação de quitar ao menos R$ 150, arcando com juros de mais de 10% ao mês sobre o saldo devedor no mês seguinte. Esse piso seria elevado para 20% em dezembro como forma de diminuir o alto endividamento dos brasileiros por causa das pesadas taxas do cartão, atualmente as mais elevadas do mercado.

Segundo comunicado do BC, a elevação não é necessária porque os 15% estabelecidos anteriormente "tem se mostrado suficiente para o controle dos valores em exposição". Em linguagem menos técnica, isso significa que, com esse percentual e dada a trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic), que vem reduzindo custos marginalmente também no cartão de crédito, os consumidores estão conseguindo diminuir as dívidas com as operadoras.

Isso não ocorria, na visão do BC, quando não existia regulação e o mercado praticava um percentual mínimo de 10% — na época, se o consumidor tinha uma dívida de R$ 1 mil, tinha a opção de pagar apenas R$ 100, mas a um custo de quase 250% ao ano. "Esse percentual não pagava nem os juros e a consequência era que a dívida com o cartão de crédito não seria quitada nunca, mesmo com o consumidor pagando o mínimo todo mês", explicou o BC.

Perigo Para Fábio Gallo Garcia, professor de Finanças da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o governo está dando um passo atrás ao não elevar o percentual de pagamento mínimo do cartão. "Se o BC está preocupado com o endividamento das famílias, demonstra o contrário com essa medida. Está deixando o devedor no pior dos mundos", disse. "As taxas de juros cobradas pelas operadoras, mesmo com a redução da Selic, é superior a 10% ao mês. O consumidor que paga apenas 15% da sua dívida todo mês não vai quitar a conta nunca com esses juros."

Para Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do BC, a medida foi acertada. "Ela facilita o fluxo de caixa do endividado e a continuidade das compras. É uma medida de estímulo à economia", avaliou. (VC e VM)