Título: Inflação desacelera
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 12/11/2011, Economia, p. 15

A inflação oficial não deu trégua para o consumidor neste ano. Mas as previsões do Banco Central de que dias melhores viriam começam a se confirmar. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro foi de 0,43%, uma desaceleração de 0,1 ponto percentual frente ao 0,53% registrado em setembro. No acumulado em 12 meses, a carestia enfim saiu da casa dos 7%, baixando para 6,97%. Deve recuar ainda mais, conforme os efeitos da crise externa e das novas medidas do BC, que botou freio no crédito, influenciem o custo de vida. A inflação alcançou 5,43% até o mês passado, superando em quase um ponto percentual o centro da meta anual, de 4,5%.

O alívio veio em parte dos preços dos alimentos, que diminuíram o ritmo de alta. Enquanto eles haviam encarecido 0,64% em setembro, subiram menos em outubro (0,56%). Alguns produtos indispensáveis à mesa do brasileiro chegaram até a recuar: frango (-0,05%), feijão carioca (-1,88%), ovos (-0,77%). Uma contribuição para o arrefecimento do custo de vida veio dos combustíveis, que subiram apenas 0,10%. O etanol, por exemplo, havia registrado 3,01% em setembro — no mês seguinte, registrou queda de 0,36%.

Selic menor Para analistas, porém, ainda é cedo para comemorar. "Parte dessa desaceleração é efeito estatístico. No ano passado, a inflação nesse período foi alta demais", ponderou Flávio Serrano, economista do Espírito Santo Investment Bank. "Esse resultado de 0,43% não é tão bom assim", afirmou Jason Vieira, economista da corretora Cruzeiro do Sul. "Deveria, inclusive, ser motivo para o BC parar o processo de afrouxamento monetário. Mas tudo indica que ele não vai fazer isso e os cortes de 0,50 ponto percentual devem continuar podendo até se intensificar."