Petrobras reajusta preço da gasolina 8,1% na refinaria

Bruno Rosa e Ramona Ordoñez

06/12/2016

 

 

Petrobras reajusta preço da gasolina em 8,1% na refinaria

 

Após duas reduções de preço nos últimos dois meses, a Petrobras anunciou ontem que vai reajustar a gasolina em 8,1% e o diesel em 9,5%. O aumento começa a valer a partir da 0h de hoje nas refinarias. De acordo com nota da estatal, pesaram na decisão o aumento no preço do petróleo e a desvalorização da taxa de câmbio. Caso as refinarias repassem integralmente esse aumento para os consumidores, a gasolina pode ter alta de 3,4% ou R$ 0,12 por litro na bomba. No caso do diesel, o aumento pode chegar a 5,5%, cerca de R$ 0,17 por litro.

Desde a semana passada, quando a Opep, organização dos maiores exportadores de petróleo, anunciou o primeiro acordo em oito anos para redução de 1% da produção de petróleo, havia expectativa no mercado sobre o impacto que a medida poderia ter sobre a política de preços da Petrobras, anunciada em outubro. Isso porque a expectativa é que a cotação do barril subisse a um patamar na faixa dos US$ 55. Ontem, a cotação do Brent, referência internacional, registrou alta de 0,88%, a US$ 54,94. Segundo analistas, diante da recente alta no preço do petróleo e do dólar, sem o reajuste, a Petrobras voltaria a vender gasolina e diesel no Brasil a preços inferiores aos do mercado internacional, gerando mais perdas para a companhia. Além disso, a companhia explicou em nota que “a participação da Petrobras no mercado interno de diesel registrou pequenos sinais de recuperação”.

 

AUMENTO ANULA REDUÇÕES ANTERIORES DE PREÇO

Desde outubro, foram feitas duas reduções no preço para a refinaria. Na primeira, a gasolina caiu 3,2% e o diesel recuou 2,7%. Em novembro, o preço da gasolina foi reduzido em 3,1% e o do diesel, em 10,4%. No caso da gasolina, o reajuste anunciado ontem anula as quedas anteriores de preço na refinaria. Desde outubro, o combustível passa a acumular alta de 1,3%. No caso do diesel, porém, ainda há queda acumulada de 3,6%.

Adriano Pires, especialista do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), explicou que, desde a redução do mês passado, os preços da Petrobras estavam praticamente em paridade com os do mercado internacional. Com a mudança recente de cenário, sem um reajuste, a estatal logo passaria a ter preços inferiores aos cobrados no exterior. Na avaliação de Pires, o anúncio de ontem mostra a independência da atual gestão da estatal:

— Mostra coerência na política de preços e que a estatal passou a respeitar o acionista minoritário.

O consumidor pouco se beneficiou da redução de preço na refinaria. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o valor por litro do combustível caiu de R$ 3,935, em setembro, para R$ 3,892, em outubro. Em novembro, porém, avançou para R$ 3,949. Na semana entre os dias 27 de novembro e o último dia 3 já subiu novamente, para R$ 3,956, diz a ANP.

No caso do diesel, houve altas e baixas no período. Passou de R$ 3,090 (em setembro) para R$ 3,070 (outubro). Em novembro, subiu para R$ 3,089. Na última semana voltou a cair, para R$ 3,070.

O diretor de Operações da FN Capital, Paulo Figueiredo, diz que o reajuste pressionará a inflação, mas destacou que o aumento comprova que a empresa acompanha os preços do petróleo no exterior.

— Vai prejudicar alguma coisa (aumento da inflação). Mas vai trazer melhora de caixa para a Petrobras. Houve pressão do dólar, e o acordo da Opep também pressionou o preço do petróleo para cima — disse Figueiredo.

 

LIMINAR SUSPENDE VENDA DA BR

O Sindipetro de Alagoas e Sergipe obteve ontem liminar na Justiça Federal suspendendo o processo de venda da BR Distribuidora. A decisão foi proferida pela 3ª Vara Federal de Aracaju. Segundo informações dadas pela Petrobras, mais de 60 empresas já mostraram interesse na subsidiária, dona da maior rede de postos do país. Na decisão, o juiz Edmilson da Silva diz que o ato de alienar o controle da empresa “causa interferência direta na vida de todos os cidadãos do país”. Ele questiona a forma como a estatal vem conduzindo o processo de venda da subsidiária, “através de teaser”, sem a devida publicidade. A Petrobras vai recorrer.

 

 

O globo, n. 30437, 06/12/2016. Economia, p. 21.