Correio braziliense, n. 19522, 06/11/2016. Brasil, p.6

 

INEP minimiza erros no primeiro dia de Enem

Vera Batista

 

 

EDUCAÇÃO » Apesar de problemas de última hora devido à ampliação do número de escolas em que as provas não foram realizadas, ministério faz balanço positivo. Por causa das ocupações em locais de aplicação do exame, 271 mil estudantes serão avaliados em 3 e 4 de dezembro. 

Apesar de incertezas que se estenderam por toda a semana e de ter divulgado uma nova quantidade de escolas que não receberiam os estudantes (de 364 para 405) na véspera do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) avaliaram como “extremamente positivo” o primeiro dia de provas. “Foi tudo muito tranquilo. O balanço é extremamente positivo e conclamamos os alunos para o Enem de amanhã”, enfatizou Maria Helena Guimarães de Castro, secretária executiva do MEC. Maria Inês Fini, presidente do Inep, também destacou que era “um prazer anunciar que, em 97,60% dos locais previstos, entrada e saída foram com tranquilidade”. “Monitoramos escolas, avisamos os alunos, os coordenadores estavam preparados para receber quem não tinha consultado o cartão de informação. Foi positivo.” Os erros de percurso, no entanto, foram atribuídos a terceiros.

Muitos alunos viveram momentos de tensão até praticamente o último minuto. No manhã de ontem, alguns receberam mensagens de que não haveria mais a prova, mas desconfiaram e foram até o local. Constataram, assustados, que o exame estava acontecendo. Isso ocorreu em dois locais: no Centro de Ensino Médio Ave Branca, no Distrito Federal, e na Faculdade Federal do Estado do Pará (Ufopa). O deslize, explicou Eunice de Oliveira Ferreira Santos, diretora de Gestão e Planejamento do Inep, foi da responsabilidade “dos coordenadores locais” que avisaram ao MEC sobre ocupações nas escolas. Em consequência, o governo disparou mais de 250 mil mensagens cancelando o Enem.

De acordo com Eunice, “é natural um equívoco em um processo tão tumultuado”. Até porque, destacou, estava havendo muitas assembleias. “O processo estava muito tumultuado. A sociedade precisa compreender. Conduzir o Enem não é fácil”, disse Eunice. Para hoje, a situação nessas duas escolas, do Pará e de Brasília, requer atenção dos estudantes. Quem fez a prova ontem, deve comparecer para a segunda etapa neste domingo. Mas quem ficou em casa, devido à confusão, terá a oportunidade de fazer o exame junto com aqueles que efetivamente tiveram as escolas ocupadas, em 3 e 4 de dezembro.

Se eventualmente, hoje, houver novas e inesperadas invasões e os locais vierem a ser interditados, os estudantes catalogados para esses locais também terão a prova transferida para o último mês do ano. Os organizadores, no entanto, não trabalham com essa possibilidade. Depois que o Ministério Público do Ceará entrou com uma ação, na tentativa de postergar todo o Enem para dezembro, o governo está a postos para a probabilidade de judicialização. “Todas as providências serão tomadas rapidamente pelo Inep, pelo MEC e pela Advocacia-geral da União (AGU)”, disse Maria Helena.

Ao anunciar o balanço do primeiro dia, nem o MEC, nem o Inep informaram o número de abstenções. O dado deverá ser divulgado no fim da tarde de hoje. Ontem, 8.627.248 de alunos estavam inscritos para a prova, mas 8.356.215 milhões participaram. O governo também não detalhou qual será o custo adicional exato do adiamento das provas. “Estamos analisando e vamos planejar o orçamento”, destacou Maria Helena de Castro. Outro ponto que não foi esclarecido foi a quantidade de pessoas que, por algum motivo, foram retiradas de sala de aula ou causaram problemas. “Foram casos pontuais”, limitou-se a comentar Maria Inês Fini. 

Reivindicações

Os estudantes que protestam nas escolas ocupadas pelo país são, principalmente, contra a Proposta de Emenda à Constituição 55 (antiga PEC 241), que tramita no Senado e estabelece um teto para os gastos públicos, inclusive, para a educação e a saúde. Eles também fazem oposição à reforma do ensino médio. A estimativa do governo é de que mais de 271 mil alunos farão provas em dezembro. 

Balanço

Confira as 10 unidades da Federação que mais tiveram locais onde os alunos não fizeram os testes, em função das ocupações. Em todo o país, foram 405. 

Estados           Locais planejados    Locais aplicados    Concretizado (%)

Alagoas                    349                              330                       94,56

Bahia                     1.662                            1.615                      97,17

Distrito Federal        216                                205                      94,91

Espírito Santo            296                              248                       83,78

Goiás                          528                              516                       97,73

Minas Gerais              1.744                            1.647                     94,44

Pará                            1.049                            1.030                     98,19

Pernambuco                  928                             907                         97,74

Paraná                           682                             605                        88,71

Sergipe                          279                              271                           97,1