Valor econômico, v. 17, n. 4162, 28/12/2016. Política, p. A7

PDT busca empresário para ser vice de Ciro em 2018

 

Ricardo Mendonça

 

O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse ontem, em entrevista ao Valor, que o partido mantém conversas com empresários com vistas à formação de uma chapa presidencial encabeçada pelo ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes. "Temos que buscar em São Paulo ou em Minas um vice com origem no setor produtiva, alguém que produz", disse.

Lupi afirmou que se inspira na dupla que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva formou com o político mineiro e empresário do setor têxtil José Alencar (1931-2011), chapa eleita e reeleita em 2002 e 2006. O presidente do PDT não quis citar nomes, porém.

Segundo Lupi, Ciro será candidato à Presidência em 2018 pelo PDT, "independentemente de Lula disputar ou não" o mesmo cargo. Para ele, ministro do Trabalho nas gestões petistas, seu ex-chefe foi o melhor presidente que o Brasil já teve, "mas o modelo do Lula para o Brasil se esgotou".

O PDT quer ainda lançar a candidatura do ex-deputado federal Gabriel Chalita ao governo de São Paulo, informou, algo que serviria de apoio ao projeto presidencial. Chalita foi secretário de Educação do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), candidato a prefeito de São Paulo em 2012 pelo PMDB com o apoio do atual presidente, Michel Temer, e candidato a vice na chapa de Fernando Haddad (PT), que perdeu a reeleição para a prefeitura paulistana neste ano.

Ciro foi ministro da Integração Nacional no primeiro mandato de Lula e, quando ainda era filiado ao PSDB, ministro da Fazenda de Itamar Franco no último quadrimestre de 1994. Ele já disputou a Presidência da República em duas ocasiões, ambas pelo PPS. Em 1998, ficou em terceiro com 11% dos votos. Quatro anos depois, ficou em quarto, mas com votação ligeiramente maior, 12%. Na última pesquisa Datafolha, em 7 e 8 de dezembro, apareceu com 6% no melhor cenário.

Apesar de enfrentar o noticiário negativo e o desgaste do impeachment de Dilma Rousseff, Lula lidera e aparece com tendência de crescimento nas pesquisas. O petista tem alimentado a ideia de que será candidato novamente. Mas, réu em cinco processos, não é descartada a hipótese de ser condenado em segunda instância, enquadrado na Lei da Ficha Limpa e impedido de concorrer.

"Acho pouco provável que Lula seja candidato, e nem é por causa da investigação", diz Lupi. "Ele já tem seu lugar na história, saiu do governo com 80% de aprovação. Vai ser candidato com mais de 70 anos a troco de quê? A marca ele já tem, já deixou."

Na opinião do presidente do PDT, a explicação para o crescimento de Lula nas pesquisas "é o fiasco do governo Temer, o fracasso do fracasso", diz. "Ele está na Presidência, mas continua agindo como presidente da Câmara. Não é ruim ter relação com deputados, mas qual é a marca dele como presidente do Brasil? Só tem uma: tirar direitos. Reforma trabalhista, da Previdência. Então essa comparação só vai favorecer o Lula daqui para frente."

Para reafirmar sua oposição a Temer, Lupi repetiu que o PDT irá expulsar os três senadores do partido que votaram a favor da Proposta de Emenda Constitucional do teto de gastos: Lasier Martins (RS), Pastor Valadares (RO) e Telmário Mota (RR). "Quem não sair será saído", disse.