Correio braziliense, n. 19535, 19/11/2016. Política, p. 4

Garotinho retorna para o hospital

A ministra Luciana Lóssio, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a transferência, ontem, do ex-governador Anthony Garotinho da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, onde estava, para um hospital. A magistrada deu autorização para que Garotinho ficasse em um centro particular, desde que custeado por ele, até que realize todos os exames solicitados pela junta médica e em custódia policial. O secretário de Governo de Campos dos Goytacazes foi preso preventivamente na manhã de quarta-feira, mas levado ao Hospital Souza Aguiar, depois de passar mal na sede da Polícia Federal, do Rio de Janeiro.

Garotinho apresentou alterações cardíacas. Na quinta-feira à noite, porém, acabou transferido para a UPA de Bangu, por decisão do juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral de Campos, que recebeu informações a respeito de “regalias” que Garotinho estaria recebendo. A defesa do ex-governador entrou com recurso, apontando ilegalidades na conduta do juiz, que foi aceito pela ministra.

“Ocorre, porém, que não cabe à  autoridade judiciária avaliar o quadro clinico do segregado, tal como levado a efeito pelo juiz zonal, que assim procedeu sem qualquer embasamento tecnico-pericial por parte da equipe médica regularmente constituída. Atitude, a meu ver, em tudo temerária, ante o risco de gravame à  integridade física do custodiado”, afirmou Luciana.

A transferência de Garotinho para a UPA de Bangu foi tumultuada. Um áudio divulgado pelo WhatsApp mostra o ex-governador gritando e resistindo à ida. “Levar é o cacete. Eu não vou. Isaías do Borel, tem um monte de preso lá que foi tudo eu que botei na cadeia. Vocês querem me levar para lá para me matar. Sabe que quarta-feira eu tenho reunião com dr. (Rodrigo) Janot para entregar o resto da quadrilha. Isso tudo foi armado”, bradou Garotinho. O policial que o levava respondeu que, apesar da resistência, a ordem judicial seria cumprida. “Você vai me matar, mas eu não vou”,  respondeu. “A opção vai ser sua em ir na paz ou não”, retrucou o policial.

Enquanto era levado à ambulância, Garotinho tentou levantar-se da maca e teve de ser contido por diversos policiais, que o seguraram nas pernas e nos braços. A filha do ex-governador, a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ), chorava e gritava muito durante a transferência, enquanto pedia para acompanhar o pai. “Meu pai não é bandido!”, gritava ela.

A cena virou meme na internet e viralizou ao longo de todo o dia de ontem. O famoso seriado pop Os Simpsons, que recentemente reprisou um episódio no qual teria antecipado a eleição de Donald Trump como presidente norte-americano, foi um dos citados. 

“Os Simpsons previu o chilique do Garotinho”, disse um internauta. Em outra postagem, fotos com crianças chorando, misturadas à do ex-govenador, foram legendadas: “Garotinhos dando chilique”

“Levar é o cacete. Eu não vou. Isaías do Borel, tem um monte de preso lá que foi tudo eu que botei na cadeia. Vocês querem me levar para lá para me matar”
Anthony Garotinho, ex-governador do Rio