Líderes do Centrão, formado por PP, PR, PSD, PTB, PSC, PRB e SD, voltaram a protestar contra o convite do presidente Michel Temer para que o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), assuma a coordenação política do governo. Ameaçaram impedir que a CCJ vote o projeto esta semana, levando a votação para fevereiro.
O líder do governo na Câmara - e integrante do Centrão -, André Moura (PSC-SE), reuniu-se com Temer em busca de um acordo para que Imbassahy não fosse nomeado até fevereiro. O grupo teria recebido a promessa do presidente de que só nomeará o ministro de governo após a eleição para a presidência da Câmara e recuou no ataque à PEC.
A insatisfação com a escolha de Imbassahy ocorre porque o tucano, que era um dos cotados para disputar a presidência da Câmara, é aliado do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tenta manobra jurídica para se reeleger. Maia disputa contra o Centrão, que ameaça recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar a recondução.
O Centrão tenta ainda um acordo para aprovar hoje ou amanhã a admissibilidade da PEC na CCJ, mas adiar a criação da comissão especial, que fará o debate sobre o conteúdo do projeto, para fevereiro, também após a eleição da presidência.
Cabe ao presidente indicar o presidente e relator da comissão especial, geralmente em acordo com os partidos. Os escolhidos são dois aliados de Maia: Sergio Zveiter (PMDB-RJ) será o presidente e Arthur Maia (PPS-BA) o relator. Caso o presidente seja outro, os nomes podem mudar.
Não havia, contudo, nenhum acordo formal para que isso ocorresse e as negociações continuariam ao longo de hoje, quando a CCJ tem sessão marcada para votar a PEC. O grupo avaliava aprovar a admissibilidade, mas travar a comissão especial.
O PSB também apoia a oposição na tentativa de não aprovar a PEC na CCJ este ano. O partido está dividido pelos interesses de seus vários grupos e passará hoje por uma disputa pela liderança da bancada, que decidirá entre o grupo mais independente - o líder em exercício, Tadeu Alencar (PE) - e o mais governista - expresso na candidatura de Tereza Cristina (MS).
O partido, que tem alas que defendem o desembarque do governo Temer, atuará para que a PEC seja votada na CCJ apenas em 2017. A fundação da legenda lançou ontem estudo com críticas à proposta, dizendo que "limita-se a retirar direitos", como as outras que ocorreram até então, sem resolver o problema crescente dos gastos. Sugere rever a política de desonerações, garantir o pagamento das aposentadorias aos mais pobres e criar fundo de capitalização para permitir benefícios mais elevados para quem tem maiores salários.