Título: Crédito sobe só 0,65%
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 22/11/2011, Economia, p. 13

Victor Martins

A crise na Europa começa a afetar os canais de financiamento e o setor produtivo nacional pós o pé no freio na demanda por crédito. De acordo com uma pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o volume de recursos emprestados às companhias cresceu apenas 0,65% em outubro, num dos piores desempenhos do ano. Os números da gestora de risco Serasa Experian são ainda piores que os dos banqueiros e confirmam o momento ruim: no mês passado, o tombo na busca de recursos foi de 4,2%.

O segmento mais afetado foi o de micro e pequenas empresas, que, depois de cair 7,1 % em setembro, recuou 4,5% em outubro. O restante está em situação mais favorável: as empresas de porte médio ainda tiveram evolução positiva de 0,8% e as grandes, de 1,6%. Para Luiz Rabi, gerente de Indicadores de Mercado da Serasa, o cenário se aproxima do de

2008, quando o Banco Lehman Brothers quebrou, o mercado entrou em colapso e as firmas maiores tiveram suas linhas de crédito internacionais interrompidas.

Prioridade

"As grandes e medias tem dificuldade de captar lá fora e se voltaram para o mercado doméstico", explicou. "Os bancos estão dando prioridade para elas no lugar das micro e pequenas, que são avaliadas como de maior risco." Na avaliação da Febraban, ainda há dúvida se a desaceleração foi pontual ou se reflete uma situação econômica menos favorável e critérios mais rígidos dos bancos nas concessões.

Enquanto as empresas reduziram a tomada de empréstimos, as famílias aceleraram. O crédito para consumo avançou 1,54%. Com isso, o saldo das operações foi a R$ 1,96 trilhão, ou 48,7% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país).