Valor econômico, v. 17, n. 4152, 14/12/2016. Política, p. A15

Manifestantes invadem e depredam sede da Fiesp

 

A aprovação pelo Senado da PEC que limita as gastos públicos levou milhares de pessoas às ruas ontem no Distrito Federal e em pelo menos 17 cidades. Os maiores protestos foram em Brasília e São Paulo, em atos organizados por movimentos sociais. Na capital paulista, manifestantes depredaram a frente da sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista. Já em Brasília, houve forte repressão policial desde o início da manifestação e pelo menos um ônibus foi incendiado.

Além do protesto contra a PEC 55, que limita os gastos públicos nos próximos 20 anos, os manifestantes defenderam a saída de Michel Temer da Presidência. A Fiesp, considerada como o "QG" dos manifestantes que defenderam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, foi alvo de depredações e tentativa de invasão. Manifestantes jogaram rojões na entrada do edifício, em ação amplamente divulgada pelos meios de comunicação. A Polícia Militar usou bombas de gás para dispersar os manifestantes.

O ato, organizado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular começou por volta das 17h e estava pacífico até passar em frente ao prédio da Fiesp. Em nota, a entidade afirma lamentar "profundamente" o episódio: "E lamenta ainda mais que uma minoria violenta ainda acredite que a depredação seja uma maneira razoável de manifestar posições política ou ideológicas."

Em Brasília, policiais e manifestantes entraram em confronto na Esplanada dos Ministérios durante protesto contra a PEC. Até as 22h00 havia a informação de que 40 pessoas foram presas e 7, feridas.

Os manifestantes jogaram garrafas de vidro, pedras e bombas e os policiais responderam com bombas de efeito moral, spray de pimenta e gás lacrimogêneo. Policiais e manifestantes trocaram agressões físicas. Pessoas que participavam do protesto correram em direção ao Museu da República. A cavalaria da PM foi acionada.

Com o auxílio da cavalaria e da Tropa de Choque da PM, os manifestantes recuaram em direção ao Setor de Autarquias Sul (ao lado da rodoviária, que foi isolado pela polícia). A polícia usou bombas de gás lacrimogênio para continuar a dispersão dos manifestantes.

No local do conflito houve focos de incêndio. Um ponto de ônibus foi depredado e um ônibus foi incendiado. Funcionários da Esplanada que deixavam o trabalho foram atingidos pelo gás lacrimogêneo.

Um grupo de manifestantes se deslocou para o início da Asa Norte. Parte dos integrantes do protesto estava com o rosto coberto. Foram acompanhados por helicópteros da PM do Distrito Federal e alguns dos manifestantes foram detidos.