Título: Avanços concretos
Autor: Amorim, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 24/11/2011, Economia, p. 15

São positivos os números do IBGE que constatam a vagarosa descentralização do crescimento econômico e do Produto Interno Bruto (PIB) do país. É inconcebível que um território de proporções continentais, com mais de 190 milhões de habitantes e cada vez mais importante no cenário internacional, seja sustentado por poucos estados ricos enquanto o restante do Brasil sofre com a falta de condições mínimas de desenvolvimento.

Para ser consistente, o avanço da participação das regiões Nordeste e Centro-Oeste no PIB nacional precisa iniciar uma transformação concreta. Essa mudança não pode estar ligada somente aos efeitos de uma crise financeira global, como em 2009, responsável pela redução da contribuição dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, atualmente no topo do ranking.

Embora o IBGE não arrisque projeções, espera-se que a distribuição do PIB de 2010 — ano em que o avanço foi de 7,5% — confirme a trajetória de redução das desigualdades resultantes de séculos de distorções. Para deixar de vez no passado o tenebroso rótulo de Belíndia — nação fictícia com o padrão de desenvolvimento da Bélgica e as mazelas da Índia — o Brasil não pode estancar investimentos em infraestrutura, como vem sendo feito pelo governo. Nem se fechar em medidas protecionistas, prejudicando os consumidores e o desenvolvimento de um mercado verdadeiramente competitivo.