Título: Contra o custo Brasil
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 24/11/2011, Economia, p. 17

Para chegar ao posto de quinta potência mundial, o Brasil precisa vencer a si mesmo, afirmou o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. Na visão do sócio da Gávea Investimentos, %u201Capesar do governo, o Brasil ainda cresce%u201D. Em seminário na Confederação Nacional da Agricultura (CNA), ele listou as principais amarras que impedem a expansão do país. Para o economista, burocracia, custo do capital, falhas graves na infraestrutura e carga tributária alta são os principais fatores que atrapalham a competitividade brasileira frente a outras nações. Num debate com André Esteves, presidente do Banco BTG Pactual, Fraga disse que esses problemas formam o custo Brasil.

Tanto Fraga quanto o banqueiro concordaram que há uma dificuldade sistêmica do país em criar projetos de longo prazo e em elevar taxas de investimento em infraestrutura e educação. %u201CPara mim, o grande desafio é abordar as questões de longo prazo%u201D, disse Fraga. Em contraponto, Esteves optou por um discurso crítico, mas otimista. %u201CO bom de a gente ter feito pouco em investimentos e planejamento de longo prazo é que ainda há espaço para muitas melhorias%u201D, observou. %u201CToda a necessidade de investimento, em um país democrático, vem atrelada à demanda. Em alguns casos, como na situação dos aeroportos, ao caos.%u201D

Ambos criticaram o sistema tributário brasileiro. Segundo eles, o fortalecimento do real frente ao dólar não afeta tanto o Brasil na competição internacional como o excesso de impostos. %u201CArrecadamos como a Suécia e temos um serviço um pouco pior%u201D, ironizou Esteves. %u201CEnquanto o câmbio afeta todos os competidores, o nosso sistema tributário é só nosso e afeta apenas a nós.%u201D Para o banqueiro, se o país precisa arrecadar muito, é porque tem gastos elevados.

Armínio Fraga falou ainda sobre a crise internacional e suas repercussões sobre o Brasil. Para ele, o país está preparado, mas não imune. Com o que tem ocorrido na Europa, principalmente depois da contaminação dos países centrais do bloco, uma piora não está descartada. %u201CNos últimos anos, o endividamento de famílias, empresas e governos dobrou. Os países tomaram um pileque de crédito e agora veio a ressaca%u201D, afirmou.