Título: Brizolistas pressionam o PDT
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 24/11/2011, Política, p. 5

Representantes ligados aos fundadores do partido exigem que as denúncias contra Carlos Lupi sejam discutidas pelo Diretório Nacional da legenda

Integrantes do Movimento de Resistência Leonel Brizola exigiram ontem do presidente interino do PDT, deputado André Figueiredo (CE), a convocação de uma reunião do Diretório Nacional do partido para discutir o caso Carlos Lupi. Eles ficaram revoltados com a decisão da Executiva Nacional da legenda que resolveu dar um voto de confiança ao ministro do Trabalho. O grupo defende que as denúncias de corrupção envolvendo a pasta e o ministro sejam discutidas no Diretório Nacional. "É a instância máxima do partido", afirmou o ex-deputado Vivaldo Barbosa (RJ), um dos artífices do movimento.

Vivaldo e o ex-deputado Fernando Bandeira, também do Rio de Janeiro, consideraram um absurdo o cancelamento da reunião do Diretório Nacional marcada inicialmente para o sábado passado. "A Executiva é composta pela bancada e por presidentes dos diretórios estaduais. Todos eles estão nas mãos do Lupi", reclamou Bandeira. "Esse grupo só poderia mesmo dar apoio a Lupi, como ocorreu ao final do encontro", completou o pedetista.

Tanto ele quanto Vivaldo reclamam que o Diretório Nacional reuniu-se apenas duas vezes nos últimos seis anos — coincidentemente o mesmo período em que Lupi controla a legenda, após a morte de Leonel Brizola. "É a mesma prática até aqui adotada de colocar o partido para atender as conveniências pessoais, e não procurar atuar de acordo com as práticas democráticas e consoante estratégia de ação partidária", afirmam os ex-parlamentares, em carta encaminhada ao presidente interino, André Figueiredo.

O deputado cearense recebeu o documento das mãos dos pedetistas históricos e prometeu que vai convocar uma reunião do Diretório Nacional, como desejam os insatisfeitos. Mas não disse quando isso ocorrerá. "Vamos continuar recolhendo as assinaturas para que o Diretório Nacional se autoconvoque", declarou Vivaldo. Para isso, é necessária a adesão de pelo menos 100 dos 300 integrantes.

A Executiva do PDT absolveu Lupi e o Palácio do Planalto também perdoou-o. Antes da reunião dos pedetistas, o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, confirmou ao deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SP), que não existe qualquer interesse do governo em promover mudanças agora na pasta. "O Lupi continua trabalhando. O Paulinho da Força veio falar comigo sobre assuntos sindicais. Convidar para eventos sindicais. A questão do Lupi, perguntado eu disse: "Paulinho, o Lupi continua ministro. A vida segue"", afirmou ontem o ministro.