Título: À sombra da insegurança
Autor: Rizzo, Alana; Mader, Helena
Fonte: Correio Braziliense, 24/11/2011, Brasil, p. 10

Daniela* viu a estatística da violência no Distrito Federal se materializar dentro do estacionamento de um supermercado em Planaltina, em setembro deste ano. A mulher e o filho aguardavam familiares quando foram abordados por dois homens armados. "Foi tudo muito rápido. A gente estava ouvindo música, quando uma pessoa parou do meu lado, apontou uma arma para mim e pediu para que eu chegasse para o lado. Um deles sentou no banco do motorista, ligou o carro e nos levou junto", contou. Daniela viveu momentos de muito medo e temia pela vida do menino. "Ele me ameaçava o tempo todo, dizia que ia me matar se eu não ficasse quieta e me xingava. Meu filho chorava muito", lembrou.

Segundo ela, os parentes saíram do supermercado na hora e perceberam a violência. Eles chamaram a polícia, que localizou os carros e perseguiu os bandidos. A mulher foi deixada com o filho em frente ao Condomínio Império dos Nobres, em Sobradinho, onde pediu ajuda. Os criminosos foram encontrados por policiais militares próximo ao Balão do Colorado e levados à 35ª Delegacia de Polícia, em Sobradinho II. A dupla foi autuada por roubo com restrição de liberdade das vítimas. Após o episódio, Daniela decidiu se mudar de casa com medo de ser encontrada pelos homens que a ameaçaram. "Já fui roubada outras vezes quando trabalhava em uma loja, mas a gente nunca espera que esse tipo de coisa vá acontecer com a gente. Hoje, tenho medo, quando saio de casa olho sempre para os lados e não fico mais parada dentro do carro. O DF não é mais um local seguro para viver", disse.

A cabeleireira Helena Moura de Sousa, 19 anos, moradora de Planaltina, também já ficou sob a mira de um revólver no DF. Há pouco mais de um ano, a moça saía do trabalho, na 302 Norte, em direção à Rodoviária do Plano Piloto, quando foi abordada por dois homens armados. Eles levaram os celulares e saíram correndo. "Foi uma experiência horrível, não quero passar por isso novamente", desabafou. Helena conta que se sente insegura ao andar na rua e com medo de que possa sofrer outro assalto. "Depois disso, fiquei com muito medo de sair sozinha do trabalho. Acredito que faltam policiais nas ruas, principalmente próximo ao local onde trabalho", alertou a cabeleireira.

* Nome fictício a pedido da entrevistada