Correio braziliense, n. 32040, 22/12/2016. Poder, p. A8

Temer diz ter apoio maciço no Congresso e elogia PSDB

Presidente entregou moradias ao lado de Alckmin em Mogi das Cruzes. Ambos voltaram a falar de união e pacificação; peemedebista disse que críticas de políticos da base são 'episódicas'

Por: Reynaldo Turollo Jr.

 

O presidente Michel Temer esteve em Mogi das Cruzes (SP) nesta quarta-feira (21) para inaugurar unidades do programa Minha Casa, Minha Vida ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), com quem trocou elogios. Ambos fizeram discursos de união.

Questionado por jornalistas sobre uma eventual perda de apoio de partidos da base, como o PSDB, Temer respondeu enaltecendo sua relação com o Congresso.

"Francamente, toda a modéstia de lado, desde a Constituição de 1988 ninguém conseguiu apresentar as propostas que nós apresentamos. O teto dos gastos é uma coisa problemática e nós conseguimos aprovar [a PEC] com uma maioria significativa. E isso, evidentemente, com apoio de outros partidos e em particular do PSDB, que tem nos dado um apoio extraordinário", disse o presidente.

Nesta terça (20), o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) declarou a uma rádio de João Pessoa que Temer poderá ter "dificuldade" para concluir o mandato, e falou em novas eleições. Ao comentar essas declarações, o peemedebista disse que tem "apoio maciço" do Congresso.

"Se nós não estivermos habituados a falas dessa natureza, nós não conseguimos governar. Nós temos que passar adiante. Uma ou outra fala é circunstancial, é momentânea, episódica, o que vale é o apoio maciço que estou recebendo do Congresso Nacional", afirmou.

Lima não foi o primeiro político da base a sinalizar um descontentamento com o atual governo. Na semana passada, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirmou que não se pode ter medo de antecipar o processo eleitoral.

No evento em Mogi, Temer destacou ainda a ajuda que tem recebido do PSDB para a tramitação de sua proposta de reforma da Previdência. Ele ressaltou que os tucanos comandam três ministérios em sua gestão e brincou que só não levantaria a mão de Alckmin, num gesto de vitória, porque não pegaria bem.

O presidente esteve em Mogi das Cruzes para entregar 420 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, que tiveram investimento de R$ 37,3 milhões do governo federal e de R$ 5,4 milhões do governo de São Paulo. As obras foram iniciadas em 2014, no governo Dilma Rousseff.

SEM 'NÓS CONTRA ELES'

Em seu discurso, Alckmin adotou um tom de "pacificação" na linha do que Temer tem empregado. "Eu queria falar ao presidente que no Brasil de hoje não há mais espaço para nós contra eles. O Brasil de hoje tem de ser de nós, cidadãos brasileiros, que estamos aprendendo com esta dura crise e que certamente fará com que o Brasil seja melhor", declarou o tucano.

"E conte conosco para todas as medidas para a retomada do emprego, para a retomada daquilo que interessa, que é a renda da população", continuou Alckmin.

Temer, na sua vez, seguiu na mesma toada. "Eu, ao longo do tempo, tenho pregado exatamente a pacificação do nosso país", disse.

Além deles, participaram da cerimônia o ministro das Cidades, Bruno Araújo, que é do PSDB, o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, deputados federais e o prefeito de Mogi, Marco Bertaiolli (PSD), cujo partido também integra a base do governo Temer.