Título: Dólar sobe para R$ 1,859
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Fonte: Correio Braziliense, 24/11/2011, Economia, p. 20

A versão ao risco provoca corrida em busca da moeda norte-americana como proteção. Alta no dia chega a 2,95%

As dificuldades da Alemanha para vender títulos de dívida, os sinais cada vez mais claros de recessão na Europa e a guerra política que trava o ajuste fiscal nos Estados Unidos deixaram os investidores em polvorosa ontem. Tanto que o dólar registrou alta de 2,95%, encerrando as negociações cotado a R$ 1,859 para venda, o nível mais elevado desde 4 de outubro último.

O nervosismo se intensificou logo no início da manhã, quando o mercado tomou conhecimento do enfraquecimento da produção industrial da China. O país asiático é visto como um polo de crescimento vital para o mundo diante do atoleiro no qual se meteram os países mais ricos. Se a economia chinesa titubear, a situação global degringolará de vez. E, pior, levará o Brasil para o centro da crise, já que a nação asiática se tornou o principal parceiro comercial do país.

A tensão foi tamanha que, ao longo do dia, todos apostaram em uma intervenção do Banco Central nas operações com a moeda norte-americana. Mas ela não aconteceu. No entender dos especialistas, é possível que a autoridade monetária dê as caras no mercado se a divisa dos EUA continuar apontando para R$ 1,90. Foi o que ocorreu em setembro passado. Assustado com a brusca arrancada das cotações, o BC interveio nos negócios depois de um longo período de ausência.

"É claro que, quando o dólar chega em um nível acima de R$ 1,85, sempre vem aquela lembrança de que o Banco Central está aí", disse José Carlos Amado, operador de câmbio da Corretora Renascença, citando a possibilidade de uma pesquisa de demanda por swap cambial conforme se aproxima o fim do mês. Os leilões de swap funcionam como uma venda de dólares no mercado futuro. Para hoje, espera-se um volume menor de negócios, devido o feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos.

Juros caem Depois de dois de alta, as taxas de juros caíram ontem, diante do agravamento da crise mundial, agora com a China comandando as atenções. Assim, o mercado voltou a considerar a chance de o Comitê de Política Monetária (Copom) ser mais agressivo na redução da taxa básica de juros (Selic) na próxima semana, mesmo com o repique da inflação medida pelo IPCA-15, que atingiu 0,46% em novembro. As apostas variam, agora, entre um corte de 0,5 ponto percentual e uma baixa de 0,75 ponto. Nos contratos de janeiro, a taxa cravou 9,90% ante 10,01% da véspera.