Título: Hungria é rebaixada
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Fonte: Correio Braziliense, 26/11/2011, Economia, p. 17
Budapeste — A agência de classificação de risco Moody"s rebaixou o rating de crédito da Hungria para grau especulativo, impondo ao país do Leste Europeu um golpe às políticas econômicas não ortodoxas do primeiro-ministro do país, Viktor Orban, e levando seu governo a classificar o movimento como um ataque financeiro. A agência cortou a nota de crédito soberano da Hungria em um nível, para "Ba1", abaixo do grau de investimento, com perspectiva negativa. A medida foi anunciada apenas horas depois de a Standard and Poor"s (S&P) também rebaixar o país , após Budapeste dizer que pedirá ajuda internacional.
A Moody"s citou a crescente incerteza sobre a capacidade da Hungria de cumprir suas metas fiscais, os elevados níveis de dívida e o que chamou de restritas perspectivas de crescimento para o médio prazo como as principais razões por trás da redução da nota húngara, que estava em "Baa3". "A Moody"s acredita que o impacto combinado desses fatores corroerá a capacidade do governo de lidar com adversidades", afirmou a agência em comunicado.
A decisão da Moody"s seguiu-se a alertas das três principais agências de classificação de risco de que as políticas de Viktor Orban, que tem evitado medidas tradicionais de austeridade em favor de passos para impulsionar as receitas, como taxação especial a bancos e a nacionalização de US$ 14 bilhões em ativos de pensão privados, poderiam colocar as finanças públicas húngaras em risco.
Em reação, o governo húngaro acusou a Moody"s de estar liderando um "ataque especulativo" contra o país. "Como a avaliação da Moody"s carece de fundamentos reais, ela só pode ser interpretada como parte dos ataques financeiros dos quais a Hungria é alvo", disse o ministério da Economia, em nota. O texto assegurou ainda que a decisão é "infundada do ponto de vista profissional" e alegou que o Estado húngaro "reduziu este ano sua dívida soberana em 10%".
Desconfiança atinge Bélgica A agência de classificação de risco, Standard and Poor"s, reduziu ontem a nota de risco de crédito da Bélgica, de "AA+" para "AA". O motivo é a possibilidade de o país, já muito endividado, ter que injetar mais dinheiro público no sistema financeiro. A agência teme que as dificuldades dos bancos exijam uma ampliação do apoio do governo, o que aumentaria a dívida pública já muito elevada em um contexto de "incertezas políticas", que ainda pesa na credibilidade da Bélgica como emissora. A nota "AA", da categoria de emissores de "alta qualidade", está acompanhada de uma perspectiva negativa. Se o país for obrigado a resgatar novamente seu setor bancário, como em 2008, sua dívida, que, no final de 2011 será de 97% do PIB, pode vir a superar o limite de 100%, disse a agência de classificação.