O Estado de São Paulo, n. 44975, 06/12/2016. Política, p. A8

PSDB diz confiar ‘nos rumos’ que governo dá à economia do País

 
Valmar Hupsel Filho
Julia Lindner

 

Após demandar protagonismo na formulação da política econômica e recusar a pasta da Secretaria de Governo, vaga desde a saída de Geddel Vieira Lima, o PSDB publicou nota ontem na qual reafirma o compromisso do partido com o governo Michel Temer.

O texto é assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do partido, pelo senador Aécio Neves (MG), presidente da legenda, e pelos líderes tucanos na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), e no Senado, Paulo Bauer (SC).

A nota foi elaborada após uma reunião entre FHC e Aécio na casa do ex-presidente, em São Paulo. Na publicação, as principais lideranças do PSDB dizem que confiam “nos rumos que o governo está imprimindo à economia brasileira neste momento extremamente difícil”.

Os tucanos reiteram ainda “os compromissos expressos pelo partido quando decidiu apoiar o governo de transição sob comando de Temer e entregou um conjunto de ideias para o País” para a retomada econômica. “É com este exclusivo sentido que o PSDB dará as sugestões que pareçam pertinentes para o Brasil superar as crises pelas quais passa”, dizem os líderes.

“Sabemos da gravidade da situação herdada, gerada pelos erros e irresponsabilidade dos governos anteriores. Por isso mesmo cabe ao PSDB continuar a agir de forma responsável, como esperam os brasileiros e como o País precisa”, conclui a nota.

 

Economia. Senadores tucanos vão levar em breve ao presidente Temer propostas para a retomada do crescimento econômico.

Em caráter reservado, aliados de Temer demonstram receio de que o PSDB, de olho na sucessão presidencial em 2018, rompa com o Planalto em 2017 caso a economia permaneça estagnada e a popularidade do presidente muito baixa. No governo, são recorrentes as reclamações de que os tucanos estariam enviando sinais trocados.

De um lado fazem juras de lealdade, mas de outro criticam a condução da economia. Dois exemplos desse “jogo duplo” envolvem FHC.

O primeiro foi a frase dele comparando o governo Temer a uma “pinguela”. Também incomodou o governo o que foi considerado um “balão de ensaio”, lançado por um aliado de FHC, Xico Graziano, que defendeu a candidatura dele à Presidência em um eventual colégio eleitoral em caso de cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral. A ação foi proposta pelo PSDB.