O Estado de São Paulo, n. 44975, 06/12/2016. Economia, p. B1
Previdência terá idade mínima de 65 anos; Forças Armadas e PM ficam de fora
 
Adriana Fernandes
Carla Araújo
Eduardo Rodrigues
Erich Decat
Idiana Tomazelli

 

Depois de meses de debate interno no governo e grande expectativa da população, o presidente Michel Temer anunciou ontem que a reforma da Previdência vai fixar uma idade mínima de 65 anos para homens e mulheres se aposentarem.

As novas regras valerão para trabalhadores com menos de 50 anos de idade, no caso de homens, e de 45 anos no caso de mulheres.

Apesar de prometer uma reforma igual para todos, as Forças Armadas ficaram de fora, assim como policiais militares e bombeiros, pois o governo federal entende que essa mudança é competência dos Estados. O governo pediu aos governadores que orientem suas bancadas de parlamentares para incluir esses servidores na proposta, que será enviada ao Congresso Nacional hoje.

A reforma atingirá também os políticos. Esse era um dos pontos em aberto até a sexta-feira.

Mas, ainda durante a reunião com líderes da base aliada no Congresso – da qual não participou o senador Renan Calheiros –, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto divulgou no Twitter do presidente Temer que as mudanças valerão também para os parlamentares.

O projeto de endurecer as regras para aposentadoria no Brasil é a mais polêmica mudança na Constituição proposta por Temer, e o governo vai enfrentar a partir de agora grande resistência para a aprovação, que exige quórum qualificado – pelo menos 308 deputados e 49 senadores, em dois turnos em cada casa. O Estado apurou que a idade mínima de contribuição subirá de 15 anos para 25 anos. Para ter direito ao benefício integral, o trabalhador terá de contribuir 50 anos.

O deputado Paulinho da Força (SD-SP), que participou da reunião, afirmou que a idade mínima de 65 anos “é inaceitável” e que, se essa for a proposta, o governo arrumou “a maior confusão da história do País”.

Ele também reclamou da falta de detalhes do projeto.

No Palácio do Planalto, a expectativa era de que Temer e sua equipe apresentassem os detalhes da proposta aos líderes da base aliada e aos sindicalistas convidados. A decisão do governo de não apresentar os pontos específicos da medida frustrou os convidados, que acabaram saindo em meio à reunião e anunciando algumas medidas no lugar do governo.

Um dos pontos que ainda estão sendo discutidos é a Previdência rural, segundo o líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR). O Estado apurou que eles devem seguir as mesmas regras de idade mínima de 65 anos e tempo de contribuição de 25 anos. A dúvida é em relação à contribuição ao INSS, que deve aumentar.

Segundo Jucá, o governo enviará depois um projeto de lei para tratar da Previdência dos militares das Forças Armadas.

Em defesa da reforma, Temer disse que é preciso adotar uma medida ampla. “Chega de pequenas reformas. Ou nós enfrentamos de frente o problema ou nós vamos condenar os próximos, que vêm depois de nós, a baterem nas portas do setor público”, disse. Ele fez questão de esclarecer que quem já está aposentado ou preenche os requisitos para pedir o benefício não será afetado pela reforma.