O Estado de São Paulo, n. 44972, 03/12/2016. Política, p. A8

PF INDICIA CABRAL E MAIS 15 POR CORRUPÇÃO

Ex-governador do Rio é acusado de chefiar esquema de desvios em obras públicas
Por: Constança Rezende - Wilson Tosta

 

Constança Rezende

Wilson Tosta / RIO

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB), sua mulher, a advogada Adriana Ancelmo, e outras 14 pessoas foram indiciados no inquérito relativo à primeira fase da Operação Calicute, encerrado em 30 de novembro, informou ontem a Polícia Federal.

O casal é suspeito de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O Ministério Público Federal vai analisar o material para elaborar denúncia à Justiça, o que ocorrerá nos próximos dias.

Foram indiciados vários ex-auxiliares de Cabral. São eles: Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho (ex-secretário de Governo), Carlos Emanuel de Carvalho Miranda (sócio de Cabral na empresa SCF Comunicação e apontado como recebedor de dinheiro sujo), Luiz Carlos Bezerra (ex-assessor da presidência da Assembleia Legislativa do Rio), Hudson Braga (ex-secretário de Obras), Wagner Jordão Garcia (ex-assessor do governador), José Orlando Rabello, Carlos Jardim Borges, Pedro Ramos de Miranda, Luiz Alexandre Igayara, Paulo Fernando Magalhães Pinto Gonçalves (ex-assessor de Cabral e acusado de ser “laranja”), Luiz Paulo dos Reis, Alex Sardinha da Veiga, Rosângela de Oliveira Machado Braga e Jessica Machado Braga.

A PF anunciou ainda que serão instaurados outros inquéritos para aprofundamento de novas vertentes da investigação. Entre os crimes que poderão ser investigados estão a concessão de incentivos fiscais pelo Estado do Rio a empresas privadas, como joalherias, sonegação fiscal e evasão de valores para o exterior. Em depoimento à PF, Cabral negou os crimes.

O ex-governador foi preso em 17 de novembro acusado de comandar um esquema de corrupção em obras públicas durante seu governo (de janeiro de 2007 a abril de 2014). Ele se encontra em Bangu 8. Outros nove acusados, entre eles ex-secretários de Estado, também estão na prisão. A ex-primeira dama não está presa. O pedido de prisão contra ela, feito pelo Ministério Público, não foi aceito pela Justiça. O casal é acusado, entre outras coisas, de ter comprado cerca de R$ 6 milhões em joias, em suposta operação de lavagem de dinheiro de propinas de empreiteiras. Procurada, a defesa do casal não respondeu. Defensores dos demais indiciados não foram localizados.