PT e os grupos sociais pedem impeachment

Daiene Cardoso

09/12/2016

 

 

Sem a presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), oposição e movimentos sociais protocolaram ontem o segundo pedido de impeachment do presidente Michel Temer. Maia, que receberia o requerimento pessoalmente, foi para o Palácio do Planalto.

Sob protestos da oposição e dos movimentos, o pedido foi entregue ao secretário-geral da Mesa, o servidor Wagner Padilha.

“Nenhum deputado teve a dignidade de receber”, criticou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas. O grupo esperou por mais de meia hora a chegada de Maia e, insatisfeitos com a espera, transformaram o gabinete da presidência da Câmara em palco de protesto pelo “Fora, Temer” e “Diretas Já”.

Apoiado por PT e PCdoB, o pedido de impeachment se baseia na acusação de que o presidente da República cometeu crime de responsabilidade ao patrocinar a advocacia administrativa no episódio envolvendo os ex-ministros Marcelo Calero (Cultura) e Geddel Vieira Lima (Governo). Os juristas que ajudaram a elaborar o documento dizem que Temer atuou para resolver um problema privado de Geddel ao trazer para o governo o imbróglio envolvendo a liberação para construção de um prédio em Salvador, onde Geddel comprou um imóvel. “O presidente atuou de forma indecente para proteger um subordinado”, disse o professor da Universidade de Brasília (UnB) Marcelo Neves.

Além de sindicalistas, assinam o pedido de impeachment representantes do Movimento dos Sem Terra (MST), do Movimento dos Sem Teto (MTST), da União Nacional dos Estudantes (UNE), dos grupos Fora do Eixo e Mídia Ninja, de comunidades quilombolas, entre outros.

Líderes. Líder do DEM na Câmara, o deputado Pauderney Avelino (AM) afirmou acreditar que os pedidos de impeachment contra Temer não devem prosperar no Congresso. “Dificilmente os deputados que compõem a base do presidente vão se dispor a vir a compor uma comissão (para debater o afastamento de Temer).” Pauderney lembrou que os líderes da Câmara já se negaram a indicar nomes para compor o colegiado mesmo diante de uma decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Anteontem, o ministro cobrou da Câmara o cumprimento da decisão liminar (provisória) proferida por ele em abril para que fosse instalada uma comissão especial para analisar o caso, nos moldes do que ocorreu com a presidente cassada Dilma Rousseff. / COLABOROU ISADORA PERON

 

Dilma é ‘mulher do ano’

A presidente cassada Dilma Rousseff foi eleita uma das mulheres do ano pelo jornal britânico Financial Times, ao lado da primeira-ministra britânica, Theresa May, entre outras.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 44978, 09/12/2016. Política, p. A5.