PMDB nos Estados se queixa de corte no Fundo Partidário

Erich Decat

21/12/2016

 

 

Diretórios estaduais do partido reclamam de decisão do presidente da legenda, Romero Jucá, de reduzir repasse

 

Os cortes nos repasses aos cofres dos diretórios estaduais é alvo de uma forte queda de braço entre representantes do PMDB dos Estados e o presidente nacional do partido, senador Romero Jucá (RR).

Em reunião na sede da legenda em Brasília na quarta-feira da semana passada, dirigentes estaduais se queixaram do fato de a cúpula do partido ter criado uma resolução, sem que houvesse uma discussão ampla, que cortou 10% dos repasses do Fundo Partidário aos Estados.

A decisão foi tomada em setembro por Jucá e, segundo os dirigentes, não se chegou a constar da pauta de discussão da reunião da Executiva realizada na mesma época. Além de se queixarem da redução dos repasses, dirigentes estaduais estão indignados com o fato de que a resolução também não prevê um prazo-limite.

“Houve de fato um conflito.

Há dúvidas, por exemplo, se esse tema entrou na pauta de discussão na última reunião da Executiva Nacional. Ficou a dúvida se não tinha sido colocado na ata algo que não tinha sido decidido com a participação de todos. Alguns que estiveram na última reunião não se lembram da discussão dessa resolução”, disse o deputado Lelo Coimbra, presidente estadual do PMDB do Espírito Santo. Segundo ele, o corte estabelecido pela cúpula nacional da legenda representa o valor de R$ 45 mil por mês ao diretório.

Segundo dirigentes que participaram da reunião, a solução encontrada foi de estabelecer o mês de janeiro como prazo-limite para os cortes.

“Os diretórios protestaram.

Não é correto porque vários Estados também têm compromissos com os diretórios municipais.

Mas Jucá assumiu esse compromisso de não ter mais essa redução a partir de janeiro.

O Diretório Nacional, para fechar suas contas, nesse fim de ano de sufoco, teve de fazer isso”, afirmou Henrique Eduardo Alves, presidente estadual do PMDB no Rio Grande do Norte. Segundo os cálculos dele, o corte mensal estabelecido equivale a cerca de R$ 20 mil.

Nas discussões realizadas na reunião, uma das alternativas colocadas para recompor o caixa do PMDB Nacional é o de pegar, em janeiro, as “sobras” do caixa da Fundação Ulysses Guimarães, órgão de estudos da sigla. A instituição recebe cerca de 20% dos recursos previstos no Fundo Partidário. Além disso, as multas que compõem o fundo aplicadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) seriam integralmente repassadas para o PMDB Nacional.

Segundo o secretário-geral do PMDB, deputado Mauro Lopes (MG), não foi apresentado à direção do partido qual valor será necessário para fechar as contas deste ano. “Não sei.

Aquilo lá é uma caixa-preta.”

 

Mudança. No encontro da Executiva, Jucá também informou da mudança de endereço da sede do partido em Brasília. Atualmente, a cúpula da legenda despacha em um gabinete na Câmara.

O novo local fica na Península dos Ministros, no Lago Sul, uma das áreas mais valorizadas da capital. O aluguel da casa é de cerca de R$ 25 mil mensais. A residência passa por reformas, que deverão ser concluídas até o fim de janeiro, quando os móveis e documentos deverão ser transportados para o local.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 44990, 21/12/2016. Política, p. A7.