Daiene Cardoso
O PSB indicou que pode ser o primeiro partido da base aliada a “abandonar o barco” do governo diante da crise política. Apesar da direção da sigla negar a possibilidade de rompimento e falar em apoio crítico ao Palácio Planalto, a bancada no Congresso começou a obstruir o andamento da PEC da Previdência.
Embora tenha o titularidade no Ministério de Minas e Energia, o PSB – que já não foi coeso na votação da PEC do Teto na Câmara – agora se posicionou contra a pressa na votação da admissibilidade da PEC da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O líder do governo na Casa, André Moura (PSC-SE) disse que a posição da bancada causava “ruído” na base aliada. “É necessário rever esse posicionamento do PSB”, afirmou Moura.
“Não vamos ficar recebendo advertência pública do líder do governo. O governo revê a pressa e nós podemos rever nossa posição”, rebateu o líder da bancada, deputado Tadeu Alencar (PE). A obstrução à análise da PEC na CCJ tem o respaldo da direção do partido.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que a sigla não cogita a possibilidade de romper com o governo. O dirigente lembrou o apoiou da sigla ao impeachment de Dilma Rousseff e argumentou que tem responsabilidade com o atual governo, principalmente num momento em que classificou como “delicado”. No entanto, disse que o apoio não é irrestrito.
“Nosso apoio nunca foi incondicional.
Nunca foi a governo nenhum. Não temos necessariamente de apoiar tudo o que está proposto”, afirmou.
Insatisfação. Vice-presidente nacional do PSB e ex-vice da chapa presidencial de Marina Silva em 2014, Beto Albuquerque puxou o coro dos insatisfeitos com a permanência do partido na base governista. Também presidente do diretório do PSB gaúcho, Albuquerque aprovou no fim de semana uma moção que pede a saída imediata do PSB. “Não deveríamos estar no governo que não nos representa”, afirmou.
A moção será apresentada em reunião no diretório nacional marcada para amanhã, em Brasília. Ele aposta no crescimento do movimento de desembarque.
“Esgotou-se nosso tempo de estar ali”, completou Albuquerque.
Siqueira minimizou as vozes que pregam a ruptura e insistiu que o momento é de “cautela e responsabilidade”, já que a saída desestabilizaria o governo na atual circunstância. “As pessoas têm o direito de opinar.
Mas não apostaria no rompimento”, minimizou o presidente da legenda. “É uma posição muito localizada deles”, afirmou o líder na Câmara. / COLABORARAM IGOR GADELHA e JULIA LINDNER
Apoio
“Nosso apoio nunca foi incondicional. Nunca foi a governo nenhum. Não temos necessariamente de apoiar tudo o que está proposto.”
Carlos Siqueira
PRESIDENTE NACIONAL DO PSB
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Em meio aos avanços nas negociações sobre o ingresso do PSDB no núcleo duro do governo, o presidente Michel Temer tomou café da manhã ontem com o presidente do partido, senador Aécio Neves (MG), e com o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP).
O encontro ocorreu no Palácio do Jaburu, horas depois de Temer ter se reunido, no domingo, com o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA). Temer sinalizou que vai bancar Imbassahy na Secretaria de Governo no lugar do exministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). A nomeação deve ocorrer nesta semana.
Na Câmara, deputados do PSDB cobram que os amigos de Temer – atingidos pelas delações de executivos da Odebrecht – desembarquem o quanto antes do governo. Reservadamente, tucanos dizem que os peemedebistas próximos de Temer deveriam ter um gesto de “grandeza” e sair da equipe, o que traria “calmaria” política.
Definição. Na última sexta, Aloysio pediu definição do Palácio do Planalto sobre a nomeação de Imbassahy, após o Centrão – grupo de 13 partidos na Câmara – se posicionar contra o movimento. A preocupação era perder espaço na disputa para a presidência da Câmara, em fevereiro. A indicação também foi criticada por parte da bancada do PMDB na Casa, que reivindicava a vaga.
De acordo com parte da cúpula do PSDB, a escolha de Imbassahy tem o apoio das bancadas do partido no Senado e na Câmara, além de governadores e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A confirmação também pode fazer com que parlamentares do PSDB deem aval à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para o comando da Câmara. Maia conta com “sinal verde” do governo para tentar permanecer no posto. / COLABOROU D.C.
Jaburu. No domingo, o presidente Michel Temer recebeu o tucano Antonio Imbassahy